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Festival de Teatro 1997

Samarkanda

Samarkanda Teatro

Titanes

Pelourinho - Covilhã
18 de outubro 1997
21H00

Os cinco Duques do Inferno foram traídos por Scharkhán el Negro. Submetidos à escravatura, prestaram-lhe serviço trabalhando para ele, ao infatigável ritmo do seu chicote e dos seus insultos... Acumularam raiva, dor e desejos de vingança até que um dos escravos levantou a voz contra o seu amo. O Duque Vermelho ergueu a sua bandeira de guerra e roubou o chicote a Scharkhán. Mas isto não resultou no final da escravatura mas sim no princípio de uma contra guerra que comoveu as entranhas do Abismo... Scharkhán foi castigado com a perca de visão. (...) Foi um combate mágico, um duelo de Titanes cujo único desejo era destruírem-se entre si...

Quando a guerra estava no seu auge, Lowrynn, a rainha de todas as cores, roubou-lhes o chicote e deitou-o para o buraco mais profundo do Averno. Então os cinco Duques viram o mal que ti8nham causado com a sua avareza, compreendendo que nenhum deles era melhor ou pior do que o outro, reconhecendo-se mutuamente e respeitando-se...

Encenação: Fermín Nuñez Arenas

Interpretação: Fermín Nuñez, José Recio, César Arias, J. A. Lucia, José M. Galavis, Domingo Cruz, Ana Garcia, Luísa Santos, Amparo Morquecho, Mercedes Gil

Teatro |
Umahistorianacama3

GICC- Teatro da Beiras

Uma História na Cama

Sean O'Casey
Teatro-Cine da Covilhã, Sala dos Unidos Futebol Clube do Tortosendo, Auditório do Complexo Escolar do Fundão e Salão Bombeiros Voluntários de Belmonte
18 de outubro 1997
22H30
21 de outubro 1997
21H30
23 de outubro 1997
16H00

"Publicada em 1951 "Uma história na Cama", é o que o autor chamava um "Anatole Burlesco", este burlesco lembra com efeito, os famosos "Anatole" de Arthur Schnitzler. Tem também o sal dessas farsas num ato, escritas nos anos 20 ("Fim do Princípio", "Pagamento à Vista") e das sátiras da década de 40 com "Cock-a Doodle-Dandy". A "VisCómica" de "Uma História na Cama" mostra bem que o génio de O'Casey é sobretudo um génio cómico aristofanesco, expressão específica do temperamento irlandês, de Synge a Lady Gregory, de Sham a Joyce. Mas enquanto as farsas nos transportam num turbilhão de "clowns" sem atender a um tema específico "Uma História na Cama", responde, em parte a uma das preocupações maiores de O'Casey: a denúncia do puritanismo e o , farisaismo da sociedade irlandesa. (...) Não que "Uma História na Cama" seja uma peça amarga. Ela é sempre sorridente e acaba numa gargalhada. No entanto não é inofensiva, sobretudo num país onde a ação do clero sobre os seus fiéis, o escrupuloso controle da suas leituras, divertimentos e até do vestuário, se reveste por vezes de aspetos desconcertantes..."

Michel Habart

Encenação: Gil Salgueiro Nave

Interpretação: José Alexandre Barata, Lígia Duarte, Vítor Correia, Bina Ferreira

Teatro |
Conversa Da Treta

António Feio e José Pedro Gomes

Conversa da Treta

José Fanha
Teatro-Cine da Covilhã
22 de outubro 1997
21H30

Dois amigos sentam-se à conversa. Um mais espertalhaço, outro mais obstruído das meninges, cada um no seu estilo, ambos são exemplos do mais bacoco e embrutecido bom senso.

Filósofos do disparate, vão desacatar uma torrente de considerações abracadabrantes acerca de tudo e de nada, da vida, do sexo, do casamento, da homossexualidade, das linhas quentes, do dinheiro, do ensino, do futebol, da política, dos sucessos e insucessos pessoais. Tudo começa por um jogo infantil e mesmo assim falhado, com que os dois pretendem ocupar o tempo. A conversa que se segue é pontuada por uma sequência de outros jogos, em que cada um vai reproduzindo os tiques da menina dos telefones eróticos, da colega do emprego, da mulher e de muitos, muitos outros personagens que atravessam a sua e a nossa vida. O resultado disto é, claro, uma "Conversa da Treta", um espetáculo divertido. Dois atores que dominam, como poucos, os mecanismos de humor, dão corpo e expressão aquilo que se pretende que seja um vendaval de gargalhadas, a pontuar um texto que vai desde as raízes mais chãs e populares até ao "non-sense" absoluto.

Interpretação: António Feio e José Pedro Gomes

Teatro |
Fotocendrevbonecos

CENDREV - Centro Dramático de Évora

Os Bonecos de Santo Aleixo

Títeres Tradicionais do Alto Alentejo
Casa do Povo de Belmonte e Casino Fundanense
22 de outubro 1997
21H30
24 de outubro 1997
21H30

O essencial dos meios utilizados é composto por um lugar de representação chamado retábulo, construído em madeira e tecidos floridos, e reproduzindo um palco tradicional em miniatura com pano de boca, cenários pintados em papelão e iluminação própria (candeia de azeite). Os bonecos são realizados em madeira e cortiça, medem entre 20 a 40 centímetros de altura e são vestidos com um guarda-roupa que permite, como no teatro naturalista, identificar as personagens da fábula contada. A música (guitarra portuguesa) e as cantigas são executadas ao vivo.

Os textos, transmitidos oralmente, resultam de uma fusão entre a cultura popular e uma escrita erudita.

Interpretação: Ana Meira, Isabel Bilou, Isabel Lopes, Álvaro Côrte-Real, Jorge Baião, José Russo, Rui Nuno, Vítor Zambujo e Gil Salgueiro Nave

23.OUT VISÕES ÚTEIS Casa De Mulheres

Visões Úteis

Casa de Mulheres

Dacia Maraini
Teatro-Cine da Covilhã
23 de outubro 1997
21H30

"Eu quero morreu / quero ver a margem, do Aqueronte / florida de lótus, fresca do orvalho... Eu quero morrer quero ver a margem de Tibre / florida de petróleo, ensopada de alegria citadina,,, Como era Safo? Loura, morena, alta, baixa? Imagino-a muito pequenina, com as mãos grandes, os pés pequeníssimos, os olhos pequenos e amarelos, uma boca grande e generosa, os cabelos compridos, tão compridos e pesados que lhe servem de cobertor... e a andar como uma pata e com a inteligência de uma águia, a delicadeza de um ciclismo, a teimosia de um burro, a beleza profunda de uma filha que não quer ser mãe..."

Interpretação: Ana Vitorino e Catarina Martins

0000 Cartaz

Seiva Trupe

A Secreta Obscenidade

Marco António de La Parra
Teatro-Cine da Covilhã
24 de outubro 1997
21H30

Nesta obra teatral, dois homens, Karl e Sigmund, ali se vão transformando, adotando fingidas podes, profissões, atitudes, aos poucos se revelando para além dos nomes próprios como Marx e Freud. E não serão todos os disfarces utilizados pelos intérpretes, ao fim e ao cabo, mais do que ocasionais fingimentos, autênticas perversões do real, isto é, ficções, no sentido etimológico do termo? Será este diálogo entre Freud e Marx anarquizante? - Realista? - Contundente? - Redundante? Trágico ou de esperança? (...) Mas voltando à Secreta Obscenidade e já quase no fim, estabelece-se a dúvida. Tratar-se-á com efeito, de Marx, alemão, fundador da 1ª Internacional, do Dr. Freud, austríaco, pai da psicanálise?

Para o caso, já não interessarão identidades, personalidades, mas símbolos. Pois que mais senão este Carlos, este Sigmund, lutando cada um por ficar só, do que dois criadores apenas em plena solidão podendo realizar as suas obras? Estas e outras questões são talvez algumas das razões deste êxito teatral portuense. 

Encenação: Ulysses Cruz

Interpretação: Júlio Cardoso e António Reis

Teatro |
Os Monstros Em Cuecas

Filipe Crawford - Produções Teatrais

Os Monstros em Cuecas

Rolland Dubillard
Teatro-Cine da Covilhã e Auditório do Complexo Escolar do Fundão
25 de outubro 1997
21H30
26 de outubro 1997
21H30

Desta vez os Monstros Sagrados contam uma "Fábula", tomam um "Aperitivo", vão ao teatro assistir a uma "Tragédia Clássica", espiam "Os Vizinhos", entrevistam um "Escritor Subterrâneo", filosofam sobre "O Bolso e a Mão", viajam no "Carro Novo", passam o "Inverno com o Jorge e o seu Fato", reco9rdam a terra com "Nostalgia", assistem à "Limpeza da Chaminé", conversam com um verdadeiro "Lobo do Mar", e dão um "Mergulho" no Tejo.

Encenação: Filipe Crawford

Interpretação: Filipe Crawford e Rui Paulo

Teatro |
Lua5

Trigo Limpo - Teatro ACERT

A Lua é um Olho Preto

a partir de um conto de Isabel Allende
Teatro-Cine da Covilhã
27 de outubro 1997
21H30

Um acampamento cigano. A lua imagina o perímetro, e a eletricidade clandestinamente obtida dá imagem e som ao aparelho de televisão. Que emite, no momento, a telenovela das nove, subitamente interrompida por um direto especial sobre a revolta de uma qualquer população contra os ciganos. Notícias essas que despoletam, entre os habitantes do acampamento, vivas discussões e controvérsias, face a mais um exemplo de discriminação de que o seu povo é vítima, e às diferentes formas de a sentir, e a ela reagir.

Das questões que avassalam esta comunidade se passa, de forma natural, para uma nova realidade.

É a altura de conhecer Elena e Eva, e todos os outros que povoam as suas vidas...

Encenação: José Rui Martins

Interpretação: Carla Torres, José Rosa, José Rui, Luís Viegas e Raquel Costa

28.OUT TEATRO MARIONETAS PORTO Alice No Pais Das Maravilhas 002

Teatro de Marionetas do Porto

Alice no País das Maravilhas

Lewis Carrol
Teatro-Cine da Covilhã
28 de outubro 1997
21H30

As Aventuras de Alice e dos personagens fantásticos do Coelho Branco, do Gato de Cheshire, do Rei e da Rainha de Copas, do Cavaleiro Branco, de Humpty Dumpty, da Tartaruga Falsa e do Chapeleiro Maluco, foram constantemente ouvidas pelos nossos pais e avós. Baseando-se na história de "Alice no País das Maravilhas" e de "Alice do Outro Lado do Espelho" esta criação é apresentada em Teatro de Sombras, uma técnica oriental de grande beleza e magia, num espetáculo destinado a público de todas as idades.

Encenação: João Paulo Seara Cardoso

Interpretação: Ana Dinis, Igor Gandra, Maria João Castro e Rui Oliveira

Teatro |
Miguel Simão Uma Solidão Demasiado Ruidosa

António Simão

Uma Solidão Demasiado Ruidosa

a partir do romance de Bohumil Hrabal
Teatro-Cine da Covilhã
29 de outubro 1997
21H30

Monólogo feito de um balcão de cervejaria em que o interprete/narrador vai contando o fio ininterrupto do pensamento e da vida da personagem Hanta. Acompanhado por cerca de 18 projetores e por alguns adereços. O balcão encontra-se de costas para o público, transformando-se este no próprio barman, no confessor da história. 

Encenação e interpretação: António Simão

Teatro |
BARRACA O Bode Expiatório

A Barraca

O Bode Expiatório

Rainer Fassbinder
Teatro-Cine da Covilhã
30 de outubro 1997
21H30

Neste ano europeu contra o Racismo, A Barraca escolheu inserir no seu programa uma peça de Rainer W. Fassbinder que versa o toma da xenofobia como resultado da insegurança laboral, económica, social e individual dos jovens numa sociedade onde os meros objetivos são realidades distantes. O silêncio em vez da palavra. O ruído como fuga de ação. O ócio...

Para esta produção, em estreia no Festival de Teatro da Covilhã, A Barraca conta com um elenco de jovens atores.

Encenação: Maria do Céu Guerra

Interpretação: António Igrejas, Edite Vicente, Filipa Pasabarro, Nuno Nunes, Rita Lello, Tiago de Faria, Gracinda Nave, Hugo Samora, Maria João Miguel, Pedro Carraca e Pedro Tavares

Teatro |
BARRACA O Pranto De Maria Parda

A Barraca

O Pranto de Maria Parda

Gil Vicente
Centro Cultural Raiano
31 de outubro 1997
21H30

"O Pranto de Maria Parda" foi escrito por Gil Vicente corria o ano de 1522. Tempo de peste, tempo de fome, de seca. (...) Para uns é uma obra que parodia uma bêbeda com todas as suas fraquezas, feita de provocar o riso e pouco mais; para outros é uma alegoria em que a personagem é a própria terra, seca, abandonada, sem futuro. (...) O texto divide-se em três partes: Na primeira conta-se a história de uma bêbada, "Parda", talvez guineense, perdida nas ruas de Lisboa sem vinho. (...) Na segunda parte da peça, Mara Parda procura os seus amigos comerciantes, É uma "via crucis" repetitiva e patética, em que recebe conselhos de todos, mas não recebe o que lhe faz falta. (...) Terceira parte Maria Parda em delírio megalómano faz um testamento dos seus bens imaginários.

Encenação: Helder Costa

Interpretação: Maria do Céu Guerra

Teatro |
Comuna O Homem Dentro Do Armário

Comuna - Teatro de Pesquisa

O Homem dentro do Armário

Miguel Rovisco
Auditório do Complexo Escolar do Fundão e Teatro-Cine da Covilhã
30 de outubro 1997
21H30
31 de outubro 1997
21H30

Na madrugada do dia 1 de dezembro de 1649 dois homens:

Um Fidalgo- possivelmente Miguel de Vasconcelos

Um homem do povo - possivelmente o Conde de Vila Alva

E ainda uma mulher - possivelmente a Duquesa de Mantua.

No porto de Lisboa o Fidalgo contrata um homem que traz para o Palácio de olhos vendados, onde lhe pede que construa um fundo falso num armário que lhe permita a fuga do palácio por uma porta secreta. Um homem, o operário, aceita o desafio a troco de uma quantia. Não sabe onde está, nem quem é o fidalgo. Sabe apenas que o que lhe é pedido tem a estranheza de uma conspiração. Portugal está sob o jugo dos Filipes de Espanha. Os portugueses estão divididos entre os que suportam e apoiam esse domínio e os que, na sombra, conspiram contra ele. Conspira-se de ambos os lados. Fidalgo e operário estabelecem entre eles regras de uma cumplicidade em que cada um joga um jogo, rico de astúcias, inteligência, duplicidades, que vão revelando ao público máscaras de dois personagens que nunca são aquilo que realmente pretendem mostrar.

"Uma mulher feia, toda vestida de negro, segurando muito hirta uma vela acesa - A Duquesa de Mantua - entra a meio da noite no gabinete do fidalgo e interroga-o. Reduz o hipotético jogo do Fidalgo a um mero ato de cobardia que uma vez mais ridiculariza os portugueses aos seus próprios olhos.

"...Esta apologia da lama e este profetismo do disparate é como virar a saudade do avesso."

Encenação: João Mota

Interpretação: Carlos Paulo, Paulo Patraquim e Laura Soveral

Teatro |