Meio século de teatro, arte e resistência cultural ganham forma nas páginas do livro "GICC-Teatro das Beiras-1974/2024". Uma obra que documenta a jornada da Companhia, desde a sua fundação em 1974 até ao presente, revelando as histórias, os espetáculos e as pessoas.
O lançamento do livro contará com as intervenções de Fernando Paulouro Neves, Fernando Sena e Luís Mouro.
Coordenação da edição: Luís Mouro | Revisão: Celina Gonçalves, Fernando Sena e Luís Mouro | Secretariado: Patrícia Morais e Rafaela Schimitt | Design: João Mouro | Fotografia da capa: Paulo Nuno Silva
Em ano de comemoração dos 50 anos de atividade do Teatro das Beiras, recuperamos este texto do dramaturgo alemão Tankred Dorst, apresentado nos primeiros anos de atividade do Teatro das Beiras, em 1979.
Nesta peça, Fan Chin-Ting, mulher do pescador Hsueh Li, dirige-se à grande muralha de um lugar longínquo e perdido na memória do tempo para reclamar o marido, recrutado contra a sua vontade para engrossar as fileiras dos exércitos do imperador.
Uma parábola do antigo Oriente, inspirada no desconcerto do mundo.
Autor: Tankred Dorst | Tradução: Mário Barradas | Encenação: Gil Salgueiro Nave | Assistência de encenação: Sílvia Morais | Cenografia e figurinos: Luís Mouro | Desenho de luz: William Alves | Sonoplastia: Helder Filipe Gonçalves | Interpretação: Bernardo Sarmento, Miguel Brás, Paulo Monteiro e Sónia Botelho
Começa a cantar muito novo, compondo músicas para poemas de diversos autores Portugueses, Brasileiros e Franceses. Canta poemas portugueses, como Carlos de Oliveira, Sidónio Muralha, José Gomes Ferreira, Manuel da Fonseca, António Gedeão, Martinho Marques, José Saramago, José Fanha, Pedro Tamen, Manuel Alegre, Vitorino Nemésio, Fernando Assis Pacheco, Vasco Pereira da Costa, entre outros.
Seguindo o caminho apontado por José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, põe desde logo a sua atividade ao serviço das causas da Educação, Democracia e Liberdade. Em 1958 participa ativamente na campanha de Humberto Delgado para a Presidência da República, participando também nas campanhas eleitorais de 1969 e 73. Em 1969 surge no programa de televisão "ZIP-ZIP" com a canção "Pedra Filosofal" sobre o poema de António Gedeão, que contribui decisivamente para o seu conhecimento pelo "grande público". Ainda em 1969 recebe o prémio da "Casa da Imprensa", em 1970 o prémio "Pozal Domingues", em 1995 a "Ordem da Liberdade" e em 1996 a Medalha de Prata do concelho de Ovar.
Voz e guitarra: Manuel Freire | Participação: Rogério Peixinho e João Pedro Romão
Fernando Alves, nasceu em Lisboa, fez-se gente em Benguela. Lá, na cidade de acácias e de poetas, havia uma rádio, perto do mar. Muitas vezes, ainda rapaz, ele ficava a segurar com os cotovelos, em frequência imoderada, o feitiço de um ofício como não há outro. O espanto da rádio chegou-lhe através dos mágicos, os sonoplastas. Ninguém se lhes compara na grande tribo. Eles acendem a luz que corre por dentro das vozes. Aprendeu com eles alguns segredos que não vêm nos manuais. Que a voz é táctil, que a curiosidade do mundo é a grande academia. Por isso, quis ser da rádio, desde muito cedo. E mais não quis.
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O Quarteto Dela é um projeto experimentado em versões de temas famosos de artistas lusófonos, cujas re-harmonizações transformam, recriam e trazem para a atualidade músicas conhecidas, mas com uma "roupagem" improvável.
Uma voz, uma guitarra, um contrabaixo e uma bateria juntam-se num diálogo pertinente. O Quarteto Dela explora e faz culminar vários estilos da música como a Bossa Nova, a MPB, o Pop-Rock, a música portuguesa, etc. Tem na sua base o jazz, e as possibilidades interpretativas que surgem, pela riqueza de solos improvisados e re- harmonizações que fazem aproximar o público, pelos temas conhecidos de ontem e de todos os tempos, às ideias inovadoras que os seus músicos propõem.
Um quarteto que a Ela pertence, à música, a quem todos, por amor pertencem.
Voz: Ana Lúcia Magalhães | Guitarra eléctrica: Rui Dionísio | Baixo: Vladimiro Cruz | Bateria: Miguel Samora
Um criador de cavalos com uma vida farta e feliz sofre uma tremenda injustiça que lhe leva a propriedade e a família. Em busca de justiça junta um exército e lança-se numa fanática campanha que esbarra no nepotismo e arbitrariedade dos poderosos. Uma dicotomia de grandes embates filosóficos: de um lado a liberdade individual, do outro a opressão governamental; de um lado o povo, do outro a nobreza; de um lado a missão social de um Estado, do outro o abuso de poder perpetrado por seus representantes. Uma disputa entre o direito e a justiça.
Autor: Heinrich Von Kleist, a partir de Jorge Silva Melo | Encenação: Rui Dionísio | Dramaturgia: Marta Dias | Interpretação: Ana Lúcia Magalhães, Eduarda Oliveira, Rui Dionísio e Vladimiro Cruz
Texto dedicado à vida e obra do grande escritor humanista georgiano Nodar Dumbadze. O jogo de marioneta torna o espectáculo particularmente emotivo. A linha autobiográfica transmite uma sensação de magia, de realidade. A escassez de texto e a sua componente visual impactante torna a peça acessível a todas as gerações.
Texto e encenação: Elene Matskhonashvili | Tradução do texto: Solange Sá | Apoio à tradução: Galyna Ilyuk | Criação marionetas: Vakho Khoridze | Cenografia: Bondo Chkhartishvili | Adereços: Soso Tsitaishvili e Ilia Khinikadze | Operação de som: Grasiela Müller | Desenho de luz: Sérgio Lajas | Fotografia: Eduarda Filipa | Elenco: André Laires, António Jorge, Carlos Feio, Diamantino Esperança, Eduarda Filipa, Sílvia Brito | Uma Co-Produção CTB/Alexander Tsutsunava Ozurgeti State Professional Drama Theatre Geórgia
Segundo a lenda, havia uma avó, chamada Direjná que era um grilo. Ela era a dona da água e por onde passava a água brotava quando entoava o seu canto de amor. Um dia, os netos cansados de tanta água e após a inundação de seus campos, pediram que ela fosse embora. Ela decidiu ir viver para outro local e conheceu Kata, o catavento dos cinco continentes. Dizem que eles andam sempre juntos, e andam por aí… e que avó envia água do céu ou aparece sempre que alguém diz o seu nome.
A “Avó Grilo e o Catavento” é um espetáculo que tem como fio condutor o conto da avó grilo, mito do povo Ayoreo e que nos permite fazer uma dramaturgia para abordarmos algumas questões prementes desta sociedade do séc. XXI. É um espetáculo infantojuvenil, que fala sobre a importância da água como um direito universal, da importância do brincar como forma de aprendizagem, do perigo da mercantilização da natureza, e que tipo de cidadão queremos para o futuro.
Bibi Gomes
Texto texto coletivo inspirado em “Abuela Grillo”, lenda do povo Ayoreo da Bolívia, “A Vendedora de Fósforos” de Hans Christian Anderson e “O Sonho de Lu Shzu” de Ricardo Gómez | Dramaturgia e Encenação: Bibi Gomes | Interpretação: Cecília Laranjeira e Maria Inês Brás | Música e Sonoplastia: João Lima | Figurinos: Cristiana Francisco | Cenografia: Sofia Bravo | Desenho de Luz: Daniel Verdades
Neste texto, Marie Suel propõe-se a falar sobre os medos, os de uma criança no início de sua vida e, no extremo oposto, os de um velho homem. O encontro tem lugar no quarto da criança, a meio da noite, chamando a atenção para o momento presente e dando especial destaque à cumplicidade que vai sendo construída entre estas duas personagens, a partir de um conjunto de jogos, desvelando-se a alegria por entre os medos da morte, do abandono, do desconhecido ou do fracasso. Joaquim e Marcelo, é assim que vão sendo batizados os medos e, à medida que lhes vão sendo atribuídos nomes, eles desaparecem.
Texto: Marie Suel | Tradução: Margarida Madeira | Encenação: Patrice Douchet | Interpretação: Pedro Carvalho e Milene Fialho | Banda sonora original: Noiserv | Ilustração: Alex Gozblau | Direção técnica e desenho de luz: Carlos Arroja | Cenografia: Pedro Silva | Figurinos: Adélie Antonin | Operação de luz e som: Diogo Graça | Assistente de encenação e dramaturgista: Tiphaine Guitton
Adalberto Silva Silva é um espetáculo de realidade, é o telejornal da alma de um anti-herói português. Adalberto é um solitário e um tímido, o comum dos mortais que se apaixona perdidamente por uma desconhecida no supermercado e conta a sua história de teleponto e auricular, entre anúncios publicitários e interrupções para “compromissos espirituais”. Neste noticiário, não há solenes diretos nem reportagens sobre o nascimento de pandas em zoológicos do Oriente, mas também se apresentam “momentos belíssimos”, “acontecimentos marcantes” e “casos de crise e oportunidade”. Dramaturgo cuja escrita é marcada pelo gosto de baralhar-e-voltar-a-dar géneros, convenções e linguagens, Jacinto Lucas Pires brinca agora com o formato televisivo e os seus tiques e truques. Espetáculo criado em condições austeritárias – resultado do encontro de um autor e um ator, Adalberto Silva Silva é interpretado por Ivo Alexandre, pivô desta comédia de bolso sobre o desejo, o sonho e os chamados problemas práticos. É a sério, sim, e é para rir, pois. Para rir a sério?
Texto: Jacinto Lucas Pires | Encenação: Ivo Alexandre e Jacinto Lucas Pires | Interpretação: Ivo Alexandre | Produção Executiva: Anabela Faustino | Gestão: Tiago da Câmara Pereira | Produção: DOIS
Todos nós que vivemos na Terra saímos do barro, por isso o nosso jarro é como a nossa alma e devemos garantir que esteja sempre cheio para não secarmos.
Jacinta, a protagonista da nossa história, ouvirá estas palavras da sua avó e, após o roubo do seu jarro, terá que iniciar um percurso de aprendizagem para se descobrir, reconhecer-se, superar obstáculos e provações e assumir a responsabilidade de salvar a si mesma e nós da SECA. Uma viagem para nos fazer participar também no reconhecimento da NATUREZA como parte do nosso ser.
“El pozo de los mil demonios” constitui uma peça chave na literatura dramática infantil no México. A sua autora, Maribel Carrasco, descreve-a como uma Alice no País das Maravilhas dentro do imaginário e da identidade cultural mexicana. É uma fantasia a preto e branco, a criação de um mundo austero e incompleto que exige do espetador, criança ou adulto, uma participação ativa, inteligente e livre.
É uma história de infância para partilhar com a família, onde se misturam sonhos e memórias. Uma simbiose entre realidade e fantasia que se passa no fundo de um poço seco, uma árida paisagem mexicana que nos lembra os lugares míticos de Juan Rulfo mas que não nos distancia de muitas das nossas paisagens necessitadas de água. A partir de uma estética de realismo mágico, viajar-se-á por esta história repleta de metáforas e símbolos, pela linguagem de dança-teatro própria do Karlik, com o gesto, a palavra, o vídeo e as paisagens sonoras e luminosas.
Autora: Maribel Carrasco | Direção: Cristina D. Silveira | Assistente de direção: Ana García | Cenografia: La Nave del Duende | Figurinos: Patricio Luengo | Desenho e conceção de máscaras e adereços: Chloé Julie Bucas | Composição musical: Álvaro Rodríguez Barroso | Vídeo de cena: Alexandre Carod, Félix Méndez e Alicia Casado | Coreografias: Cristina D. Silveira | Desenho de luz: David Pérez | Execução de cenário: El Molino, La Nave del Duende e Antonio Ollero | Execução de figurinos: Patricio Luengo e Myriam Cruz | Fotografias: Jorge Armestar | Produção e direção técnica: David Pérez Hernando | Interpretação: Elena Rocha, Laura Reyes, Iván Luis, Jorge Barrantes e Sergio Barquilla