É evidente que A Barraca tinha de comemorar os 25 anos do 25 de Abril.
Antes de mais, porque este grupo é um filho directo e dilecto do corajoso Movimento dos Capitães, que pôs fim à ditadura fascista.
A Barraca teve o seu primeiro espetáculo em 1976 e foi o resultado do encontro e das vontades de gente que tinha lutado contra a Censura, contra a PIDE e que ansiava viver num país já apontado para o futuro. Um país que todos se pudessem orgulhar.
(…) O que temos a dizer é simples. Recordamos as memórias do fascismo e os sinais da resistência que conduziram à liberdade e à democracia.
Não se trata de recordar o que houve de mau para desestabilizar a actual “paz consensual”. Trata-se de recordar para que esta mínima paz se mantenha e a acção cívica se mobilize.
Para que todos realizemos, enfim, as esperanças mil do 25 de Abril.
Direcção Musical: Paulo Serafim
Guarda-Roupa: Maria do Céu Guerra
Adereços: Luis Thomar
Luminotecnia: José Carlos Pontes
Sonoplastia: Fernando Pires
Produção: Marisa Serafim
Secretariado: Maria Navarro
Fotografias e slides: Carlos Gil, Daniel Gil
Elenco: Carla Alves, Catarina Santana, Susana Cacela, Luis Thomar, Miguel Telmo, Paulo Serafim, Sérgio Bastos, Sérgio Moras
POEMES VISUALS começa com um actor, encarnando O POETA; leva para cena uma mala cheia de letras de espuma e começa a brincar com sons e formas, descobrindo que a partir das letras pode criar poesia sem necessidade de construir palavras. Com a guitarra e com canções começa a estabelecer uma relação terna com as letras que tomam vida e criam um universo cheio de personagens, coreografias, humor e ações drámaticas, onde se demonstra que as palavras não servem apenas para encher papeis e dossiers mas também para criar um mundo sensível e simples.
As letras, manipuladas com varas sobre uma mesa, adquirem vida própria e vão-se transformando ao longo do espetáculo: a letras E transforma-se num cão que brinca com um menino, que é a letra I. Um Y e um A formam uma bailarina rítmica a letra T transforma-se num trampolinista. O espetáculo é inspirado na magia dos poemas visuais de Joan Brossa, sem encenar nenhum poema específico do poeta catalão.
Encenação: Jordi Bertran
Manipuladores: Jordi Bertran, Zilda Torres e Miguel Gallardo
MOON LAKE BLUES, título adoptado para o espetáculo que construímos, a partir de três peças em um acto do dramaturgo, novelista e poeta Tennessee Williams; autor representado nos palcos de todo o mundo, com obras adaptadas ao cinema, observador sensível e mordaz, ironicamente atento à sociedade em que viveu.
A solidão, a violência doméstica, ansiedade e rebeldia povoam estes pequenos mundos numa América profundo, num lugar imaginário, num tempo sem data ainda recheado de referências históricas e de personagens de contornos universais, em confronto com os seus próprios fantasmas. Vinte e sete vagões de algodão, Propriedade expropriada para demolição e O caso das petúnias espezinhadas, são textos escritos na juventude do autor. (...) Da distante América do "néon", dos "fast food" e da técnologia bélica, importamos uma escrita de teatro que fala do homem a olhar para si próprio e a procurar na dureza dos afectos ou na falta deles, a inspiração poética que pode ajudar a entender-nos e a entender o mundo nas suas contradições, Espetáculo no feminino, onde as personagens Flora, Willie ou a menina Simple se apresentam como nossas conhecidas no dia a dia no palco, pela mão do Tchecov ou Pirandello.
Gil Salgueiro Nave
Encenação: Gil Salgueiro Nave
Cenografia e figurinos: Luís Mouro
Interpretação: Ana Filipa, António Abernú, José Alexandre Barata, Eva Paula, Marco Ferreira, Vítor Correia, Carla Magalhães e Ana Lídia
É com dupla intenção que este espectáculo se intitula “O Aniversário”. Tendo como ponto de partida a peça de Anton Tchekhov, propomo-nos fazer também uma reflexão sobre o século XX, agora que se aproxima do seu fim. E também comemorar o 25 de Abril que permite ao Teatro das Beiras completar este ano 25 anos de actividade ininterrupta. “ O Aniversário” usa textos do próprio Tchekhov, Almada e Levtuchenko para esta viagem a acontecimentos marcantes dos últimos cem ano, ao modo como usámos este último século. O que mudou? O que progrediu? Ou mudamos algo para que tudo ficasse como dantes? Interrogações de respostas complexas. Usamos imagens para de algum modo fazer essa viagem de momentos inesquecíveis pelo progresso que trouxeram à humanidade, com outros momentos dilacerantes da dignidade Humana. E nem precisamos de relembrar o mais marcante e mediático acontecimento da actualidade, a guerra da Jugoslávia. Este espectáculo termina com o texto integral de “ O Aniversário no Banco” de Tchekhov, com que quisemos ilustrar outro momento marcante deste fim de século: O consumismo que os bancos trouxeram e desenvolveram, criando a miragem que desde que se vá ao banco tudo se consegue, porque aí o dinheiro está sob os nossos pés...
Rui Sena
Encenação: Rui Sena
Cenografia: José Manuel Castanheira
Interpretação: António Abernú, Rogério Bruno, Carla Magalhães e Ana Filipa
O regresso a um imaginário infantil, povoado de bruxas e princesas e aventuras fantásticas, onde pela magia do amor tudo se torna possível, Em suma, este espetáculo é um voo ao interior dos sonhos, transportados por um maravilhoso cavalo alado, numa viagem para além da nossa imaginação.
Percival o feiticeiro, inventa o Cavalo Mágico, um boneco fantástico que tem o poder de voar. Com ele, rapta a Princesa Amêndoa Doce e encerra-a no seu tenebroso e escuro castelo. Depois de várias aventuras, o apaixonado Príncipe João, com o auxílio do Aprendiz de feiticeiro, consegue vencer as maldades do Percival e as bruxarias da Maga Fredegunda. Com a ajuda do Cavalo Mágico salva a Princesa e voa com ela para o reino da Zaratruta onde o Rei Nicolau e a Rainha Banho-Maria os esperam para celebrar o casamento.
Encenação: Julieta Aurora Santos
Concepçãp Cenográfica: Ivo Meco
Interpretação: Vicente Morais, Tânia de Brito, Sérgio Vieira, Ana Simões, Rui Penas, Bibi Santos e Nuno Costa
Em Portugal não existia nem existe, qualquer tipo de reflexão sobre a grande Arte do Teatro. Ou qualquer tipo de esforço teórico.
O que existe, sobretudo actualmente, é de tal modo lobístico, desinformado e ignorante, sem referências essenciais e fundadoras, que nem vale falar delas.
Mas houve e continua a haver uma excepção: Garrett.
As suas viagens pelo teatro que na sua terra não existia, constituem um momento actualíssimo do que poderia ter constituído a matriz de produção de um pensamento estruturado e vivo da prática-teórica do Teatro Português.
Se este viesse a existir.
A sua reflexão, produzida na altura em que na Alemanha, por exemplo, Büchner criava os lampejos de Woyzeck, poderia ter sido um século antes, a prefiguração dos sistemas de um Teatro d'Ate ou das éticas cartesianas.
O destino português não consentiu.
Mas aí fica o que é uma espécie de Assembleia Gestativa do Teatro, numa pátria de programadores sem programa nacional.
Encenação: Mário Barradas
Cenografia e figurinos: José Carlos Faria
Interpretação: Dulce Vermelho, Rosário Gonzaga, Álvaro Côrte-Real, Figueira Cid, Hugo Sovelas, Jorge Baião, Rui Nuno e o músico Paulo Pires
As Aventuras de João Padão á descoberta da América é a história, narrada na primeira pessoa, de um aventureiro originário da região de Bergamo, que tentando escapar da Inquisição se vê embarcado para a América numa das naus de Cristóvão Colombo. Assiste horrorizado às atrocidades cometidas pelos conquistadores espanhóis, naufraga, e é recolhido pelos índios. Depois de ser vendido a uma tribo de canibais torna-se um homem santo em quem os índios acreditam e confiam. Arrasta então consigo uns milhares de índios, a quem ensina a lidar com os cavalos, e atravessa o continente americano sempre na esperança de encontrar os cristãos espanhõis e voltar à sua Terra. Num esforço civilizador tenta catequizar os índios e ensinar-lhes a lidar com os cristãos, mas os seus esforços revelam-se inúteis perante a barbaridade dos invasores espanhóis. O nosso herói toma então o partido dos índios e ajuda-os a expulsar os espanhóis, ficando a viver o resto dos seus dias com os índios que o adotaram.
Na nossa adaptação este João Pedro é um Zanni, nome dado a uma personagem tipo da commedia dell'arte, que representa um lacaio, também originário de Bergamo e assim designado porque Zanni é diminutivo para João, nome bastante comum nesta região.
Filipe Crawford
Encenação e interpretação: Filipe Crawford
Swinging Marionettes é um divertido e original "one man show" para crianças e adultos. O espetáculo decorre num ambiente de cabaret. As marionetas tocam, dançam, cantam e divertem o público.
Um anjo dança e brinca com uma bola dourada num número poético.
O diabo com uma boca móvel toca acordeão, canta a sua infernal música e fuma um cigarro.
Um velho palhaço toca violino e diverte o público com palhaçadas.
Um esqueleto levanta-se da sua sepultura e assusta o público com os seus ossos saltitantes.
As figuras simbólicas do anjo, do diabo, palhaço e esqueleto estão ligadas à atmosfera misteriosa e grotesca da época Medieval e da Renascença em Praga.
Manipulador: Pavel Vangeli
Criado para renovar um ciclo iniciado em 1981, representa uma desafio criativo que conquistou um espaço de identidade junto de distintos públicos.
Um espectáculo que é marcado por um percurso de revisitação por autores contemporâneos e cantautores nacionais que, com os seus temas, transmitem paixões que se desejam partilhar com o público.
Um projecto que tem a declamação poético-teatral como base, na confluência com a criação de ambiências musicais que salientam as suas intenções.
Os temas musicais reflectem um trabalho renovado, a nível de arranjos, para além da criação de temas originais.
Esta produção projecta-se na interligação de linguagens e no estímulo de momentos com sabores poéticos e de humor.
O palco, enquanto espaço de partilha de linguagens complementares, cria uma renovada aposta na divulgação de novos autores, e na pesquisa de dramaturgia que unifique momentos onde o teatro e a música se interliguem em universos inovadores de comunicação.
Encenação: José Rui Martins
Arranjos musicais: Carlos Peninha
Interpretação: Carlos Peninha, José Rui Martins e Mariana Abrunheiro
Nada ou o Silêncio de Beckett é um espetáculo construído a partir de impressões do universo de Samuel Beckett.
Nada ou o Silêncio de Beckett nasce de uma forte contaminação dos criadores e atores pelas paisagens e personagens do mundo becketiano.
Nada ou o Silêncio de Beckett é como sonho difuso e amarelado no qual vagueamos com os Winnies, Didis, Gogos e toda essa galeria de homens e mulheres impregnados de um estranho silêncio vazio, sempre tocando ao de leve na obscuridade para nos fazer sentir, afinal, poeticamente a possibilidade de um mundo mais luminoso.
João Paulo Seara Cardoso
Encenação: João Paulo Seara Cardoso
Cenografia: João Paulo Seara Cardoso
Marionetas e figurinos: Júlio Vanzeler
Interpretação: Rui Oliveira, Sérgio Rolo e Marta Nunes
Não é esta a primeira vez que incluímos Dario Fo na nossa programação. É um autor a que nos apetece voltar, tanto pela irreverência, como pela lucidez. Mas também pela exigência antiquíssima do Teatro: o jogo.
Voltamos a Dario Fo igualmente pelo prazer de rir das convenções sociais a que nos querem amarrar, mas, e acima de tudo, de nós próprios, dos nossos pequenos truques do dia-a-dia; dos nossos esquemas estupidamente laboriosos, descartáveis, onde o imediatismo quantificável, substitui a doce, e desprogramada, contaminação dos sentimentos.
João de Melo Alvim
Encenação: João de Melo Alvim
Cenografia: Companhia de Teatro de Sintra
Interpretação: Maria João Fontaínhas, Rogério Jacques, Nuno Correia Pinto, Sofia Borges, Carla Trindade, Pedro Estorninho e João Mais
Trabalho de animação teatral, a mais forte vocação do Teatro Art'Imagem, "Piano mas não toco" é uma criação colectiva de cumplicidades entre os diferentes elementos que montam os espectáculos da companhia.
A partir de um texto base e de uma ideia estética, o trabalho de texto, de actor, musical e cenográfico é construído em oficina, um work in progress de improvisação e de experimentação.
Maestro, músicos, cantores e actores coabitam o mesmo espaço mas com comportamentos, emoções e processos de trabalho diferentes.
Texto e Encenação: Colectivo
Interpretação: Jorge Pinho, José Leitão, Marta Mateus e Pedro Carvalho e dos músicos (execução ao vivo) Carlos Adolfo e Alfredo Teixeira
Músicas originais: Alfredo Teixeira, Carlos Adolfo e Serafim Lopes
Operação técnica: Vitória Horta
No quintal de uma casa vivem a gata, o cão e a galinha. Como todas as manhãs, os animais estão à espera que a menina Maria lhes vá dar de comer. No entanto, naquela manhã nada acontece. Preocupados com a ausência da dona e esfomeados, os animais, com a ajuda da "Dona Lata de Lixo", do "Senhor Vaso" e da "Caixinha de Correio", inventem uma música barulhenta que tocam numa tentativa de acordar a menina Maria, mas esta nem se mexe. Surpresos com o silêncio, os animais começam a achar que anda tudo muito estranho. Ainda não! O relógio está parado e a culpa é do ténis que o amarrou para ele não tocar. É que o ténis, anda farto de ser pisado pelas crianças da família e decidiu tirar uma folga...
Encenação: Eduardo Gaspar
Cenografia: Rogério Taveira
Interpretação: Rosana Cordovani, Eduardo Gaspar, Helena Percheiro e Rui Vilhena
"Enclave" é inspirado em duas lendas antigas: a lenda de Viriato e a História Galesa de Wild Eric. Há um país ocupado por um exército estrangeiro, restando apenas ao seu líder Guilherme conquistar o último enclave - uma zona serrana defendida com "unhas e dentes" por Marcos e o seu povo. A chegada da misteriosa Joana com os seus projetos e as traições do Frei Abel vêm destabilizar, ainda mais, uma situação já volátil.
"Enclave" pretende ser uma história que conjuga o real e o mítico mas que estabelece uma evidente relação com o presente e com a realidade portuguesa e mundial.
Encenação: Steve Johnstone
Cenografia: Sue Hall
Música: Clara Gomes
Interpretação: Eduardo Correia, Alexandra Lobato, Graeme Pulleyn e Paulo Duarte
Esta peça coreográfica, fala-nos de branco: a calma, a felicidade, a bondade, os amigos, mas também de preto: a fúria, a tristeza, a solidão... Fala-nos de opostos, na realidade e no mundo da imaginação. Relembra o início da fotografia e do cinema... Leva-nos até locais bem escuros, para depois nos mostrar os locais opostos.
Descreve-nos pessoas brancas e pessoas pretas.
Todos os sentimentos têm cores; o preto todos nós conhecemos, o branco temos de procurar um pouco mais...
Vamos viajar até ao Oriente, através do seu branco muito especial.
A terra das cores, apresentada nos programas de 98, Azul e Vermelho aparece novamente como referência para uma forma de estar ideal.
Coreografia : Sofia Belchior, André Mesquita e Bernardo Gama
Música: António Machado
Interpretação: André Mesquita, Luís Sousa, Rita Abreu, Salomé Martins, Sara Wiktorowicz e Sofia Belchior
Uma sala. Uma voz.
Uma mulher separa-se do amante com quem vivia há cinco anos.
Ela mais velha que o amante é trocada por uma mulher mais nova. Sozinha, desesperada, ferida nos seus sentimentos mais íntimos, despede-se ao telefone. O telefone é o elemento fundamental no drama que se desenrola, uma vez que a comunicação através dele, para além de ser constantemente interrompida, é também o único e último recurso para contactar com o seu grande amor. O telefone transforma-se numa personagem e abre o espaço fechado da sala e permite que outras personagens apareçam aumentando a tensão dramática.
Encenação: Lucinda Loureiro
Cenografia e figurinos: Susana Afonso
Intérprete: Pedro Assis
A primeira vez que vi o mar, o grande oceano, não me recordo da sensação que tive (era muito pequeno ainda), mas sei que se manteve dentro de mim. Agora, cada vez que olho o mar, o meu interior sorri e com o sorriso vem uma estranha sensação de ser o único homem no mundo. Quando comecei a trabalhar no "Teatro do Império Interior", todas essas imagens mágicas, universais e interiores que mantinha guardadas dentro, das quais me alimentava, tinham de ser exteriorizadas. E para que serve o teatro senão para isso mesmo!? Expor, despir, "esventrar" o Homem, mostrando o seu estado humano mais precioso. É tempo de dar ao Homem, ao teatro e à vida algo que nos andamos a esquecer - Amor. Por isso, sejam bem vindos ao Teatro do Império Interior.
Concepção geral do projecto: Marco Ferreira
Figurinos: Sara Gil
Interpretação: Marco Ferreira e Eva Paula
Textos do Catálogo: André de Brito Correia, Cláudia Oliveira e Susana Paiva
Projeto de instalação e conceção dos módulos: Luís Penas
Conceção e execução dos livros: Conceição Marques
Produção: Centro Cultural de Belém/Susana Paiva