Numa viagem de comboio entre Paris e Frankfurt, uma mulher senta-se, por acaso, no mesmo compartimento que um famoso novelista que ela adora e com quem, ao longo dos últimos vinte anos, através da sua obra, "viveu" quotidianamente. Não o conhece pessoalmente, embora de imediato o reconheça. Que decide ela fazer para com ele se relacionar? Falar com ele?
Tirar da mala o último livro do escritor, O Homem do Acaso, que está precisamente a ler, e ver como é que ele reage. Ao invés de optar por qualquer destas acções Yasmina Reza conduz o espectador ao interior dos pensamentos dele e dela, pretexto para o confronto entre a visão que um autor em crise de criação tem de si próprio e a visão que dele tem uma leitora apaixonada.
Encenação: José Mora Ramos
Cenografia: Sara Machado da Graça
Com: Isabel Leitão e José Mora Ramos
Os " Trottino Clowns" reúnem nas ruas ou nas salas de teatro pequenos e adultos, uma mala para dois, uma cadeira para dois, um saxofone para dois, uma maçã para dois.
No decorrer das suas malandrices, das suas travessuras, dos seus reencontros, da inspiração, o espectáculo acontece.
Um duo que junta o humor à dança, as peripécias à música e ao riso.
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Jazz de eleição por uma formação de virtuosos musicos franceses
Grupo francês com participação em diversos Festivais musicais na Europa. Uma formação de sopros e banjo que recria os standards universais do jazz num espectáculo fortemente comunicativo.
Um repertório baseado na música de New Orleans – a sensibilidade dos blues, a energia das fanfarras e o swing das comédias musicais americanas.
Um espectáculo que reaviva a memória dos grandes nomes dos anos vinte: Fats Waller, Louis Armstrong, King Oliver…
Exímios instrumentistas que contagiam plateias, pela forma com que executam o seu repertório, e pelos grandes momentos de viva comunicação que estabelecem com o público.
Trompete: Emmanuel Vergnaud
Voz e banjo: Philipe Blanc
Sax tenor: Nicolas Scheid
Trompete: Pascal Gachet
Sax barítono: Peroteau
ÓSCAR é um menino.
Óscar tem um jardim, o seu lugar de brincadeira preferido. No jardim constrói os seus mundos imaginários. Relaciona-se com os animais, as plantas e o jardineiro Joaquim.
Os amigos do Óscar são: o Porco Cambalhota que um dia cambalhotou até à lua, o Ouriço Ribeiro e a sua fábrica de compota de maçã, a Vaca Radical que bebe a água da chuva, a Laranjeira que só dá laranjas amanhã, o Capitão Iglo que, um dia, encalhou numa poça de água do jardim, as Flores que mudam sempre de lugar, o Gigante que tem um carrocel dentro da cabeça, a Galinha Chocapic que choca um ovo que é novo e todos os bichos, bicharocos e plantas de jardim.
O espectáculo estrutura-se ao longo das quatro estações. As histórias, a música, as cores, as palavras, os cheiros vão tomando a forma das sensações que caracterizam durante as diferentes fases do ano...
O inverno chega ao fim. A vida renasce de novo no jardim, as luzes de cena apagam...
Encenação e Cenografia: João Paulo Seara Cardoso
Interpretação: Marta Nunes, Rui Oliveira, Sérgio Rolo
" MONSTROS III - O REGRESSO!" trata-se em primeiro lugar da Linguagem, do humor inteligente à volta da linguagem, da comunicação (INQUÉRITO SOBRE A LINGUAGEM). Mas também aborda temas como a solidão, os filhos, os narizes (AS OSTRAS) e a autocontemplação.
Foi aliás a cena das molduras (PINTURA FLAMENGA) que inspirou a fotografia do cartaz, e mais tarde o cenário. Mas o nosso espectáculo evoca também outros grandes dramaturgos, como Beckett ou os Irmãos Marx, e filósofos, como Karl Marx (À ESPERA DE GROUCHY).
Groucho e Harpo voltam a estar presentes na (ÓPTICA 1 - OS ÓCULOS). Segue-se uma reflexão sobre a cultura, em geral, e sobre o teatro, em particular, com A CULTURA EM CASA - reflexão à qual Dubillard nos vem habituado. Novamente Beckett e Brecht, com a sua teoria da distanciação, são evocados na ÓPTICA NOCTURNA.
O tempo, o tempo irreversível, o espelho (PSICANÁLISE DE UMA PÊNDULA) e o medo de não ser como os outros, de girar no mau sentido. Mas também a verdade, que devia ser mais evidente do que a mentira, para não sermos tentados a enganarmo-nos (À ESPERA DE GROUCHY).
Tudo isto no fundo não passa de UM CONTO, de literatura. E a literatura, como toda a gente sabe, em dia, não vale um bom bife. Só que já não há bons bifes. Por isso, regressemos à infância (DIÁLOGO PUERIL):
Dá-me o meu crocodilo!
Isso não é o teu crocodilo, é o tecto da minha garagem.
Encenação: Filipe Crawford
Cenografia: Filipe Crawford e Conceição Ferreira
Interpretação: Filipe Crawford e Rui Paulo
Nesta mais recente obra de José Álvaro de Morais há uma viagem que se estende da margem de lá de Lisboa até à Andaluzia e de novo para cima. Há toureiros e fatos de lantejoulas reluzentes, capas vermelhas e espadas de matador. Há música cigana, ruelas judias, gaspacho, rios de água s convidativas e a largueza do Tejo com Lisboa ao fundo. Há relações familiares complicadas e laços familiares profundos. Há a luz que ilumina e ensombrece as personagens e, sobretudo, o vermelho, vermelho do sangue que tanto pulsa.
Qualquer semelhança com o teatro não é mera coincidência. Qualquer parecença com a vida real é expressamente propositada.
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Espectáculo com bonecos de diversas técnicas de manipulação, animados sobre uma mesa e combinados com trabalho de actor. De uma maneira festiva fala-se do anti-militarismo, do valor da amizade, dos concursos de televisão.
Encenação: Candido Pazo
Cenografia: Tanxarina e O pastor
Interpretação: Eduardo R. Cunha, Andrés Giráldez e Miguel Borines
O Funcionário deste monólogo poderia, também ele, ser mais um dos grandes K´s de Franz Kafka. Trata-se de um funcionário perdido num escritório morto, onde o tempo parou (onde todos os tempos existem), um funcionário que se faz centro de diversas narativas, quase todas elas por completar. Neste K., concentram-se, num turbilhão de reflexos, memórias, gestos aparentemente lógicos e palavras (bíblicas até), diversas personagens e narradores, vários Indivíduos que acabam por se acusar e ofender mutuamente, esquecendo-se que saem todos de uma só pessoa. E o discurso corre, naturalmente, sem um sujeito gramatical ou tempo verbal definidos. Como se aquele funcionário que ouvimos queixar-se fosse, não só o autor, o acotr que as representa e o espectador que vê e ouve a representação.
Um projecto de: Luís Gaspar e José Maria Vieira Mendes
Cenografia: Ana Paula Rocha
Interpretação: Luís Gaspar
"Museu do Pau Preto" é a denominação genérica do projecto que engloba duas peças. A primeira, que baptiza o projecto, já escrita, tem em cena uma geração mais antiga de imigrantes que chegou a esta cidade nos anos setenta e oitenta. A Segunda intitula-se "Páras no Rossio, Yá", cujos personagens pertencem a uma geração, recentemente chegada a Lisboa, de jovens imigrados. Na primeira parte-se de um texto previamente escrito e será desenvolvido por um encenador, na Segunda pretende-se montar um atelier de escrita com os actores durante os meses de ensaio, à partir de um pequeno roteiro de fábula e da acção (à maneira de um canovacci da Commedia dell'arte), privilegiando o trabalho do actor na própria criação e direcção de texto.
Encenação: Miguel Hurst
Cenografia: Adraão Tavares
Interpretação: Daniel Martinho, Mursá, Drahino, Miguel Hurst, Carlos Correia, Dalton Borralho e Zézé Hurst
Quatro demónios, contadores de histórias levam o público numa vertiginosa viagem teatral, passando, em pouco mais que uma hora, por hora, por uma terrível gama de emoções, de imagens, de sons, de formas de fazer teatro - de contar histórias. O diabo é a figura central num espectáculo que tem tudo desde a intimidade dos contadores de histórias até à anarquia do carnaval, dos Blues aos Boy Bands, do Riso ao Choro, do Ridículo ao Arrepiante, do Satírico ao Emocionante, do Schmeichel à Barbie, da Aldeia à Cidade, do Céu ao Inferno.
Encenação: Peter Cann
Cenografia: Sue Hall e TRSM
Interpretação: Abel Duarte, Eduardo Correia, Graeme Pulleyn e Paulo Duarte
O ambiente surrealista numa chamada "Escola de tipo novo" onde um pretenso liberalismo encobre novas relações de poder e de repressão. Um aluno a quem é apontada a "dúvida" como transformadora dos humanos em bonecos, sendo anunciado um futuro promissor para quem não a utilize nas suas relações com os outros.
Um aluno exemplar e a sua professora querida são o modelo anunciado pelo aluno na sua relação familiar onde todos já se transformaram em bonecos. Surge um momento em que o nº 38 rompe as regras, seguindo o aluno exemplar o percurso de retaliação que as regras da "Nova Escola" preconizam para a situação de rebeldia.
O aluno reflecte sobre as causas e os efeitos que o levaram a ser modelo do sistema e começa a pôr em causa os valores que lhe foram anunciados como de perfeição celestial.
"A violência do poder é sempre insuportável. Entretanto, quando essa violência é encoberta por um falso carinho, por um pseudo-amor, aí então o ser humano limita ainda mais suas condições de reconhecer e de resistir à prepotência.
Encenação: Carla Torres
Cenografia: José Tavares
Interpretação: Cláudia Andrade e Pompeu José
A profundidade dos silêncios, a densidade dos olhares, e uma força funesta transbordam de cada plano. Assim é "O Rei das Rosas", cujo argumento foi redigido à medida que se íam rodando as cenas.
Anna é a mãe de Albert, com quem habita o roseiral, até que se lhes vem juntar uma terceira personagem, Fernando. Uma história de paixão, sofrimento e morte. Com perfume de rosas, muitas rosas...
A ideia para a sinopse partiu de Schroeter e da sua actriz fetiche, Magdalena Montezuma, que, apesar de doente, era incitada pelo médico a continuar. Anna acabou por ser a última prestação cinematográfica da actriz, que viria a morrer antes do filme ser estreado.
Realização de: Werner Schroeder
O Auto da Índia afigura-se um contraponto das ideias feitas, da mora corrente e da ideologia oficial. Em tudo isso se vê facilmente o "reverso do mito dos Descobrimentos". Os heróis do Oriente são reduzidos às dimensões da humanidade mediana e as suas mulheres fazem deles maridos atraiçoados enquanto ausentes.
Espectáculo concebido e realizado pela equipe artística e técnica do Teatro das Beira.
Interpretação: Carla Magalhães, Eva Lopes, Rogério Bruno, Marco Ferreira e José Alexandre Barata
Numa pequena aldeia não muito longe de Samarcanda, a bela Mamlakat, dezassete anos, órfã de mãe, sonha ser actriz. Numa noite de luar é seduzida por um estranho misterioso que diz ser amigo de Tom Cruise. O homem desaparece na escuridão, deixando Mamlakat grávida.
Para o seu pai, Safar, e para o seu irmão, Nasreddin, a restauração da honra da família é uma questão de orgulho e tanto eles como a jovem querem encontrar o responsável.
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