O texto de Dario Fo, inspirado no teatro popular e marginal chinês, conta a história de um soldado que durante a Grande Marcha é ferido e se refugia numa gruta nos Himalaias. Aí o soldado encontra uma tigresa mais o seu filhote e graças ao Tigre consegue sobreviver. O Tigre para os chineses tem um significado simbólico preciso: diz-se que uma mulher, um homem, um povo, "têm o Tigre", quando frente a grandes dificuldades, no momento em que a maior parte foge, eles pelo contrário persistem, aguentam e resistem. Com a ajuda de uma Máscara Balinesa, o texto e a situação do contador de histórias prestam-se a uma demonstração prática da Técnica da Máscara, nas suas potencialidades gestuais e interpretativas.
Tradução, encenação e interpretação: Filipe Crawford
Máscara: Bali
Figurino: Rosa Freitas
Desenho de luz: Filipe Crawford e Nuno Gomes
Uma mulher, palhaço, aconchega-se na sua casinha
Nos seus afazeres domésticos e sozinha… na sua pequena casinha
Procura…
… alegrias (?)
… um ovo (?)
… alguém (?)
costura os seus sonhos, inventa os seus amigos, enleia-se nas sua histórias
com a cadeira na cabeça está-se muito melhor
às vezes é a sua própria galinha
Nesse mundo em que qualquer vizinho tem uma galinha melhor que a sua…
Criação, encenação e interpretação: Graça Ochoa
Salim e Ariel são duas crianças que pertencem a dois diferentes povos que disputam o mesmo território, onde as desigualdades tornam, até hoje, impossível qualquer coexistência pacífica.
Apesar dos seus povos viverem em guerra e de até os seus próprios pais não concordarem com a sua amizade, estas crianças, subvertendo as regras há muito estabelecidas neste conflito, tudo vão fazer para continuarem amigos.
Encenação: Fernando Jorge Lopes
Tradução: Isabel Leitão
Interpretação: Adérito Lopes, Afonso Guerreiro, Isabel Leitão e Rui Cerveira
Cenografia, Adereços e Figurinos: David Oliveira
Música: Tiago Pereira
“Era uma vez um fiozinho com duas pontas, como todos os fios, mas era muito comprido. Andava triste, pois uma ponta não via a outra.”
O fiozinho acreditava que se desse a volta ao mundo, no regresso pudesse encontrar a sua outra ponta. Durante a viagem vai descobrir os quatro elementos, com os quais brinca e se delicia.
Continua o seu caminho em direcção às estrelas com passagem de ida e volta. Faz o seu percurso de retorno, enrolando-se sobre si próprio.
No final, dá-se conta de que afinal tudo está dentro dele…
Dramaturgia: Luiz Oliveira e Manuel Costa Dias
Encenação, Cenografia, Figurinos e Boneco: Manuel Costa Dias
Interpretação: Faria Martins, Luiz Oliveira, Neusa Fangueiro e Patrícia Ferreira
Desenho de Luz: Xico Alves
José Sanchis Sinisterra, um dos mais consagrados dramaturgos espanhóis da actualidade, conta-nos em “ Perdida nos Apalaches”, as aventuras de um Segundo Vice-secretário de um Clube de Divulgação Cultural com pretensões a Presidente, utilizando para tal, todo o tipo de argumentos mesmo que eticamente duvidosos. A acção decorre no palco do Salão de Festas de uma Colectividade numa pequena cidade de província, mas ao mesmo tempo nos Montes Apalaches ou num hotel em Praga... e tudo isto durante a apresentação de uma conferência científica sobre a “relatividade do tempo e espaço”, proferida pela Doutora Dorothy Greñuela vinda expressamente dos Estados Unidos. O público é convidado a observar o desempenho de três personagens perdidos, retratando de forma sarcástica a debilidade dos “sistemas” num mundo em mudança.
Encenação: Gil Salgueiro Nave
Cenografia e figurinos: Luís Mouro
Interpretação: Miguel Telmo, Eva Fernandes e António Saraiva
Iluminação: César Forte
Pessoa é o poeta múltiplo, o que precisa de imensas vozes diferentes para retratar a variedade infinita da vida. É, como ele próprio se define, uma sinfonia tocada por uma orquestra oculta que reside na sua alma. Este espectáculo pretende fazer ouvir parte dessa música que, às vezes, evoca a saudade ou a tragédia, mas também o humor, a ironia e o deslumbramento de estarmos vivos, mesmo que nunca saibamos se esses movimentos que vemos e ouvimos são reais ou sonhados; pouco importa, é nisso que consiste o teatro.
O espectáculo nasce de alguns textos que, como fragmentos encontrados no mítico baú do nosso autor, se convertem numa mensagem ao público, como as que lançavam os náufragos das suas ilhas desertas. Vai-se tecendo um diálogo com o espectador, feito de cumplicidades, confissões, graças, reprovações, malentendidos e surpresas… e em que os actores brincam a ser um e vários ao mesmo tempo, algo muito próprio de todas as Pessoas.
Atrever-se a seguir Fernando Pessoa, é atrever-se a olhar o mundo e nós próprios com uma radical transparência, desfazer os preconceitos, as grandes ideologias, os grandes sistemas de pensamento. É descobrir como crianças a terrível beleza que nos rodeia e a partir de aí aprender a ser outros… Nada parece mais necessário e actual.
Ouçamos o poeta.
Textos: Fernando Pessoa (Livro do Desassossego, O Marinheiro e poemas de Álvaro de Campos)
Encenação e dramaturgia: Luis Blat
Interpretação: Noelia Domínguez, Sérgio Agostinho e Ángel Fragua
Cenografia, adereços e desenho gráfico: Zétavares
Figurinos: Cláudia Ribeiro
Carlo Terron (1910 – 1991) é considerado, entre os pós-pirandellianos, o comediógrafo mais vital e actual de Itália, depois de Ugo Betti e Eduardo De Filippo. Da tragédia ao vaudeville, a sua obra dramática abarcou todos os géneros teatrais, fazendo sempre uso da arma de dois gumes da ironia. Ao tom aparentemente humorístico de muitos dos seus textos subjaz, frequentemente, a angústia que advém de uma concepção existencialista da vida.
Esta noite, arsénico! aborda a vida conjugal de um casal que vive num inferno strindbergiano. Bice, uma mulher frontal, viciada no trabalho, dirige uma agência funerária. Lorenzo, um intelectual, um rato de biblioteca introspectivo, é sexualmente impotente devido aos ataques da sua esposa. Estas duas personagens, durante os períodos de ócio, estabelecem o pacto de entrar num jogo que lhes permita recuperar o erotismo e a paixão extinta. Durante o duelo, vêm ao de cima algumas verdades cruéis, assim como alguns desejos inconfessáveis: fatias violentas da vida, reprimida e negada, escondida nas profundezas dos dias que correm.
Encenação: Mario Mattia Giorgetti
Cenários: Tiziana Gagliardi
Tradução: José Colaço Barreiros
Interpretação: Teresa Gafeiro e Alberto Quaresma
“Nani” ambiciona uma prenda, por isso decide pedir ao “Pai Natal” um presente, mas um presente especial, diferente, que a faça sorrir. “Nani” não esquece os milhões de meninos que em todo o mundo não podem ter um brinquedo, por isso pede um presente extra ao “Pai Natal”: um espectáculo de teatro com bonecos, fantasia, magia, cor e muita musica. Depois do pedido, durante o seu sonho o “Pai Natal” desce pela chaminé, trazendo consigo imensas prendas. O espectáculo vem numa cartola mágica e, com os seus pozinhos especiais, o “Pai Natal” dá vida a uma encenação para todos os que sonham com a felicidade e a alegria.
Encenação: Fábio Timor
Cenografia: Rui Félix
Música: Glória de Sousa e Jorge Rodrigues
Intérpretes: Andreia Vasconcelos, Isabel Feliciano, Rui Félix e Vítor Nunes
Agakuke, o inuit, caminha na cordilheira dos Andes no Perú em direcção à misteriosa cidade sagrada do Machu Picchu, também conhecida como a cidade perdida dos Incas. O som encantador duma flauta desvia-o do seu caminho. Segue-se o seu encontro com Acoyanapa o pastor peruano, guardador de lamas. Mas Agakuke não foi o único atraído pela melodia. Surge então Chuquilhantu, a filha do todo poderoso Inti, o Deus Sol...
No caminho do Inca, Agakuke e os seus amigos vivem uma história extraordinária repleta de enigmas e magias ancestrais.
Ideia e Interpretação: Maria João Trindade e Sylvain Peker
Música: Cristiano Barata e Zé Carrapa
Marionetas: Lua Cheia e Teatro e Marionetas de Mandrágora
Espaço Cénico: Maria João Trindade e Sylvain Peker
Desenho de Luz e Apoio Técnico: Ricardo Trindade
Uma peça de teatro dentro de uma peça de teatro.
Dois excêntricos actores amadores estão a ensaiar um espectáculo sobre duas marionetas que descobrem que podem mexer-se sozinhas e que se apaixonam. Ao mesmo tempo que ensaiam vão montando o cenário.
O humor resultante desta situação é a mistura entre a peça e a vida dos personagens.
O bragal de linho de Fornelos, os tapetes de Arraiolos, as rendas de bilros e os trajes de Ponte da Barca surgem dos cinco baús em cena … e faz-se o teatro.
“De um palco vazio, ou quase, faz nascer um conjunto de elementos estéticos que se entrelaçam e nos prendem, nos deslumbram e nos fascinam. E é nesta construção cadenciada de um cenário que voltamos a sentir a pujança criativa de um teatro, ou se quiserem, do próprio teatro. O Bando repete assim, como que por passos de magia, os encantamentos de um dos seus maiores trunfos: o ilimitado poder da imaginação...”
(Clara Nunes Correia)
Dramaturgia e Encenação: João Brites
Interpretação: Paula Só e Horácio Manuel
Não é um conto, nem dois, nem três! São muitos, num só!
Porque um dia a Cinderela, cansada de lavar a loiça, limpar o pó e descascar
batatas, decide fugir da sua história e do seu livro.
Completamente perdida num mar de histórias, cruza com as personagens de
outros livros.
Será que a Cinderela encontrará o seu príncipe fora do seu livro? Ou teria
de viver página por página a sua vida?
Neste espectáculo usamos Marionetas de vareta com muita expressividade e
capacidade de movimento. Ainda contamos com representação de um actor e de
uma actriz e. de todos os espectadores para ajudar Cinderela a encontrar o
seu caminho.
Encenação: Alexandre Vorontsov
Interpretação: Alexandre Vorontsov e Joana Miguel
Em acto único, com duração de aproximadamente uma hora e um quarto de boa disposição, o espectáculo é a história de dois comediantes ambulantes que percorrem vilas e aldeias há quatrocentos anos, com os seus autos, loas e entremezes.
Reflexão sobre o próprio teatro, a sua relação com o público e a questão da criação, o texto oscila entre momentos sérios e a comicidade das situações.
Tradução: António Capelo
Encenação: Castro Guedes
Cenografia: Cátia Barros e Catarina Barros
Interpretação: Ricardo Simões e Tiago Fernandes
Durante a ocupação de Bagdad funcionários do Museu permanecem no interior do edifício na tentativa de proteger as obras lá encerradas. O conflito continua no exterior e o homens que lá permanecem começam a colocar a questão da prioridade da defesa, as obras de arte como património da humanidade ou as famílias abandonadas à sua sorte, a liberdade e as pessoas concretas e reais. Conflito dos intelectuais prisioneiros do mundo das artes, seus vínculos e compromissos e a sua incapacidade de agir no mundo real. Metáfora da cultura do património e da cultura da consciência e da inutilidade da cultura que não se relaciona com as pessoas tornando-as mais felizes.
Encenação: José Peixoto
Cenografia e Figurinos: Ana Brum
Música: Luís Cília
Iluminação: Carlos Gonçalves
Interpretação: Jorge Silva, José Peixoto, Elsa Valentim e Leonor Cabral
O nome da banda é uma homenagem e uma identidade. Évora, cidade de Arcadas e até o velho Café com esse nome, onde na realidade ou no mito tiveram lugar actos de cultura musical de que esta banda pretende recuperar o espírito e a memória. Não interessa se a música era exactamente a mesma, é até mais certo que não! Mas o cosmopolitismo cultural dos músicos que ao tempo animavam as matinés de chá-dançante e as noites de café-concerto é certamente muito semelhante ao que nos anima!
O repertório da Arcada Café Orchestra fixou-se em velhas songs da Tin Pan Alley e nos blues à moda de New Orleans que, diz-se, foram a mãe-d’água do caudal que deu origem ao jazz. É, assim, uma música que se aproxima muito do modelo das pequenas bandas de jazz da época clássica, onde sobressai uma voz feminina, cheia de glamour e sensualidade, mas também de tragédia, umas vezes por motivos amorosos, outras de tragédia racial e que animavam os cabarés e halls de dança dessa América mítica, ainda a preto e branco, antes de as big bands de swing tomarem conta da ocorrência.
Voz: Susana Russo
Saxofone tenor, saxofone alto, flauta: Gil Salgueiro Nave
Trompete: João César
Guitarra elétrica: Domingos Galésio
Piano: Paulo Pires
Contrabaixo: Joaquim Nave
Bateria: Rui Gonçalves/João Aleixo
A “Anónima Nuvolari” é constituída por um grupo de músicos italianos residentes em Portugal e provenientes desde diferentes experiências musicais, os quais juntaram-se com o objectivo comum da recuperação e valorização do património musical italiano na sua vertente mais alegre e dinâmica.
O grupo é constituído por 5 músicos (acordeão e voz, guitarra e voz, sax, contrabaixo, percussão): a particular constituição do conjunto permite actuações acústicas, portanto liberdade de movimento dos músicos que, junto com o espírito boémio deles, proporciona à performance uma natureza de cabaret musical, criando assim um ambiente amigável e descontraído.
O repertório proposto pelos "fratelli" Nuvolari afunda as suas raízes na música popular e consiste numa viagem através dos últimos 50 anos da canção italiana: tendo como ponto de partida o Maestro napolitano Renato Carosone, passa-se por referências como Fred Buscaglione ou Adriano Celentano, para chegar até autores contemporâneos entre os quais estão Paolo Conte e Vinicio Capossela, mantendo contudo uma continuidade artística baseada numa interpretação cheia de genuinidade e simpatia
Voz e acordeão: Donatello Nuvolari
Saxofone: Sergio Nuvolari
Contrabaixo: Ciccio Nuvolari
Percussão: Paolo Nuvolari
Os O`queStrada estão a caminho,orquestram a estrada no encalço de todos vocês e desenham o seu mapa de fronteiras musicais numa saga de enredo,fugas, amor, mistério e acção. Universal e indescrítivel, a sua sonoridade ousa uma fusão única impregnada do espírito do fado, do ska, da pop, do funáná e de outras histórias que cruzam o seu caminho.Esta trupe de 5 músicos, com os seus instrumentos base: a
guitarra À portuguesa, a contra-bacia, a guitarra rítmica, a voz e o acordeão, falam entre eles uma língua singular, energética e popular numa viagem sonora 99% acoustic style.
Acordeão: Donatello Brida
Contrabaixo: Pablo
Guitarra à Portuguesa: João Lima
Voz: Marta Miranda
Guitarra ritmica e voz: Zeto Feijão
Direcção artística: Jean Marc Dercle e Marta Mateus
Técnico som: Nathan Lively
Produção: Piajio associação
“ Era uma vez um menino que vivia numa aldeia dos contrafortes da Serra da Estrela.
Mais exactamente no Paul.
Esse menino chama-se Virgílio e tinha a curiosa mania de talhar formas em casca de pinheiro.
Dessas carochas saíam baixos relevos, figuras locais, personagens fantasmagóricas, que incitavam o miúdo a continuar o seu sonho artístico.
Pois, o que é certo, é que o Virgílio tinha encontrado um grande tesouro.
Tinha encontrado a Arte.”
(In Catálogo da exposição "Diálogos")
Criador: Virgílio Vaz