Havendo anteriormente exposto, nomeadamente na Câmara Municipal, no Paço da Cultura da Guarda, Teresa Oliveira tem, contudo, apresentado a sua obra mais entre os amigos do que entre o público em geral. A actual exposição dá a possibilidade de contactarmos uma vez mais, com uma obra de contornos sibilinos. Ao olharmos, sentimo-nos transpor um limiar e ver para além do que é visível. Fazendo lembrar o escaravelho azul de Osíris, as suas telas constituem uma charneira, também elas estabelecendo o elo entre dois mundos, Agora, porém, esses mundos são planos distintos de consciência: o utopos onde tudo é gerado e o nosso próprio mundo, o da sua concretização. É desse forno criador, dessa oficina de alquimista onde os metais se liquefazem para entrarem nos moldes compreensíveis da razão, que nos surgem as figuras que povoam as suas telas. Estas trazem-nos imagens que percorrem uma mitologia eclética, entre a Esfinge e a Fénix. Umas são simbólicas, outras mitológicas, outras metamórficas, outras ainda uma mistura das restantes três. Apresentam uma pulsão de ar e de terra e um clamor primordial ao mesmo tempo vivificante e interrogador. Se o tempo capturado pelas telas é alargado pelo palimpsesto de olhares oblíquos sobre a história mitológica, o espaço, por seu lado, abrange os loci que esse tempo suscita à memória, a que se junta o espaço virtual criado pelo embrenhamento de sítios dentro de outros sítios nos ventres, nos corpos prenhes de vida das suas figuras. A precisão da linha e a opacidade da cor transformam, algo paradoxalmente, o que é mera ideia, sensação e sonho na materialidade de figuras sólidas, estáveis, maternais, com um olhar generoso e acolhedor sobre nós.
Luísa Queiroz de Campos
Criadora: Teresa Oliveira
Comédia biográfica, onde Goldoni mistura temas do TARTUFO com os amores de Molière e Bejart, é uma homenagem a um dos seus mestres declarados, para além de um ataque a hipócritas e maldizentes, de que tanto sofria o próprio Goldoni. A obra apresenta bastantes detalhes da vida de Molière. Alguns personagens correspondem a sujeitos reais: Valério não é outro que o comediante Le Baron; Leandro é La Chapelle. Goldoni manifesta nesta obra profunda admiração pelo genial autor francês e homenageia-o trazendo a cena as suas virtudes e desencantos, revelando o seu olhar arguto sobre o mundo em mudança, que é também o reino do engano onde "todos somos comediantes já que o mundo é uma comédia".
Autor: Carlo Goldoni | Tradução: Luís Nogueira | Encenação: Gil Salgueiro Nave | Interpretação: António Saraiva, Fernando Landeira, Luís Manhita, Paulo Miranda, Rafael Freire, Sara Silva, Sónia Botelho e Teresa Baguinho | Cenografia e figurinos: Luís Mouro
O conhecido conto dos Irmãos Grimm, onde duas crianças são abandonadas pelos pais na floresta, num momento de grande crise e fome e que ali encontram uma casa construída de doces cuja dona os tornará prisioneiros, serviu como estrutura da dramaturgia e da encenação do espectáculo.
O espectáculo potencia o tema do abandono, que se traduz na angústia que atormenta as crianças. Foi reelaborado e redimensionado artisticamente, tendo também valorizado outros temas subjacentes, como a união e colaboração entre as crianças (os irmãos), e, a sua coragem e perspicácia na resolução dos problemas que parecem irremediáveis. O fascínio deste conto de fadas atinge a sua maior fantasia na sedução de uma casa feita de doces, a fome das crianças e o momento ritual da refeição, imagem que continuará sempre presente na memória de quem ouviu este conto.
Texto: Irmãos Grimm | Encenação e Texto Dramático: José Caldas | Cenografia e Figurinos: Marcelo Chiarenza e José Caldas | Intérpretes: Luiz Oliveira, Patrícia Ferreira, Vânia Pereira e Xico Alves
Ema é uma adolescente que já se esqueceu dos seus livros e das histórias que os seus pais lhe liam. No dia em que na escola lhe pedem para escrever uma história pensa que não vai conseguir, mas não sabe que vai contar com a ajuda inestimável das personagens das suas histórias preferidas.
A noite cai e como por magia as personagens dos livros ganham vida e invadem o seu quarto, aproveitando que Ema está a dormir, recordam as suas aventuras num diálogo divertido. Ema ao acordar relembra o seu sonho e descobre que está cheia de ideias para o seu trabalho na escola.
Autor: Anne-Christie Dussart | Encenação: Susana Teixeira | Interpretação: Verónica Barata, Rui Ferreira, Adriano Bailadeira, Victor Pires | Voz Off: Alexandra Janeiro / Victor Pires
Ementa: Prato do dia
TOSTA MISTA O MALABARISTA
Ingredientes:
1 dose de comédia
1litro de sangue frio
½ dúzia de objectos quotidianos
1 colher de exentricidade
Mais sobre o “Prato”:
Thorsten Grütjen,mais conhecido como Tosta Mista o Malabarista,é um excêntrico manipulator de objectos,um cómico surreal um virtuoso de interpretar personagens “simples”.
Quando o encontramos a meio das suas inesquecíveis intervenções,que hipnotizam,o que se destaca é o seu fascinante carácter “tranquilo”,seu ar ingénuo e sonhador,
enquanto arranja tempo para os seus “gags” sem desperdiçar palavaras.
Um espectáculo com muita técnica e com grande espaço dedicado ao happening ,ao seu bom domino na estreita comunicação com o público.
BOM APETIT!!!
NOTA: Não há livro de reclamações…
Intérprete: Thorsten Gruetjen
Os fios que a lã tece é um espectáculo concebido a partir do universo da lã, que nos transporta desde os tempos mais remotos do aparecimento da Covilhã e da indústria de lanifícios até ao presente. Os “fios” são os condutores da História e das estórias que marcaram a região e a vida das pessoas “tecidos” neste espectáculo de teatro de objectos. Cada um destes objectos acompanha memórias de vidas, de pessoas, de vivências, que cada um projectou ou projectará de certo nas suas vidas.
Ao revisitar todo o processo em que se construiu a realidade de uma região pretendemos, em primeiro lugar estimular as memórias, relembrando as raízes de uma parte significativa da população que vive na região da Serra da Estrela, com especial incidência nos concelhos de Covilhã, Guarda, Gouveia, Manteigas e Seia. Em segundo lugar que este processo possa servir para “tecer” um futuro diferente partindo destas memórias que tanto marcaram as nossas vidas. É com estes fios que muitas vezes nos desuniram mais do que nos uniram e que são portadores de toda uma memória colectiva e individual, que gostaríamos de tecer outros tecidos que nos afirmassem individual e colectivamente. Este espectáculo é um pequeno contributo que pode conduzir a essa reflexão, a essa união de que a região tanto necessita.
O passado apenas se suspende em memórias, mas não obriga a tecer os mesmos caminhos.”
Direcção, concepção, desenho de luz, investigação, fotografias: Rui Sena | Performer, investigação, fotografias: Jeannine Trévidic | Performer, investigação, fotografias: Sílvia Ferreira | Espaço cénico e realização plástica dos adereços: Joana Marques | Desenho da banda sonora, recolha de sons: Defski | Concepção plástica das chaminés em barro: Sebastião Pimenta | Concepção e execução do rebanho: Catarina Arnaut
A Tua Ternura Molotov é uma comédia negra contemporânea que nos fala da frivolidade dos nossos dias. Esta peça, escrita em 2002 por Gustavo Ott, consagrado dramaturgo venezuelano bastante representado e premiado em diversos países mas totalmente desconhecido do público português, conta-nos a história de um casal de classe média alta em ascensão social.
Ele trabalha num prestigiado escritório de advogados e ela é apresentadora de notícias na televisão. Bem instalados na sociedade, já concretizaram muitos dos seus projectos de vida, querem agora ter um filho. Enquanto tentam procriar, o passado de Vitória chega por correio numa encomenda do FBI. O casal entra em conflito. Começa aqui o enredo onde o que mais os preocupa é aquilo que dirão os outros. O segredo escabroso de Daniel, que em jovem trabalhou para uma associação de apoio a jovens em risco, também será revelado.
Um espectáculo irónico, com uma linguagem politicamente incorrecta, divertida e cruel que fala sobre o terrorismo, a intolerância social e religiosa, o cinismo dos princípios morais, a vergonha do passado, a insatisfação emocional da sociedade dos nossos dias. O ridículo de uma sociedade altamente preconceituosa que discursa sobre liberdade.
Autor: Gustavo Ott | Tradução: Luciano Bravo | Encenação: Isolda Ruiz Barrios | Cenografia: Colectivo | Intérpretes: Pedro Ramos e Susana Nunes
Maria, à procura do filho desaparecido, acaba por sucumbir. Ex-prostituta, mergulhada na miséria, sozinha, resignada e cheia de ódio contra a sociedade. O texto é uma longa afabulação não narrativa, onde a partir da imagem marginalizada, mas vibrante das figuras de fé e do mito, e da linguagem de rua dos imigrantes, que mistura os dialectos, com efeitos de verdades e comicidades irresistíveis, sobressai a heresia, própria da vida, de uma dor que não serve nem salva, e da história que impiedosamente repete o seu ciclo sem evoluir.
STABAT MATER é a primeira peça de uma tetralogia de Antonio Tarantino, do qual fazem também parte Paixão Segundo João, Vésperas da Virgem Santíssima e Brilharetes, que lhe valeu o mais alto e prestigioso reconhecimento dramatúrgico para a escrita teatral italiana - Prémio Riccione. Foi revelado em Portugal em 2004 com a leitura encenada de A Casa de Ramallahe e, em 2005, com a estreia de Paixão Segundo João.
Autoria: Antonio Tarantino | Tradução: Tereza Bento | Encenação: Jorge Silva Melo | Cenografia e figurinos: Rita Lopes Alves | Interpretação: Maria João Luís
Inspirado pela vivacidade dos sabores latinos, esta “roda” faz um tributo à música popular brasileira, destacando sobretudo um grande mestre da mesma –Pixinguinha! Com melodias eternas que ficam na memória de qualquer um, são recordados temas como “Carinhoso”, “Vou Vivendo”, “Tico Tico no Fubá”, entre outros. A junção do clarinete com o “violão” nestes “chôrinhos” e “sambinhas” realça uma junção de timbres pouco usual, mas que por sua vez se revela extremamente envolvente.
Clarinete: Miguel Veríssimo | Guitarra: André Santos
Agakuke o inuit, de novo em África, recorda a sua primeira viagem ao Senegal e a
fabulosa história que tinha ouvido contar. À noite, sentado junto a um embondeiro,
Agakuke, um verdadeiro griot, conta a história de Mamadu um homem simples e
modesto que se torna uma figura importante e respeitada numa aldeia da savana
africana.
Recorrendo a todo o imaginário africano no seu aspecto místico e sobrenatural, a
fabulosa história de Mamadu faz-nos mergulhar no coração da cultura africana, na
sua diversidade e complexidade.
Mamadu o Marabu, um conto do Senegal, fala-nos do bem e do mal claro, mas
também e sobretudo das capacidades fantásticas da mente humana. Nesta história
africana o sagrado junta-se ao profano para nos mostrar a que ponto é o próprio
homem que constrói o seu destino mesmo submisso a misteriosas forças.
Autoria, encenação e interpretação: Maria João Trindade e Sylvain Peker | Cenografia: Marta Fernandes da Silva
Espectáculo interactivo onde o público, auxiliado por um enorme globo, escolhe o trajecto de uma viagem musical à volta do mundo. Matilde e Pepe apresentam em cada um desses destinos extraordinários instrumentos desse local.
O xafoon do Hawai, o berimbau de boca brasileiro, o washboard norte americano, a kalimba africana, etc. Aceite o convite para viajar, com muita imaginação, através do didáctico, mas muito divertido mundo dos instrumentos!
Autor, Encenação e Interpretação: Detlef Schafft e Eva Cabral
“Quero crescer depressa e partir.“ Este é o desejo mais profundo e verdadeiro do Pequeno Pinheiro que quer arrancar as suas raízes e correr mundo, descobrir os mistérios dos oceanos, espreitar pelas janelas das casas, desbravar os céus. Mas será que para tudo isto ele precisa de abandonar a floresta? Segundo o conselho do amigo sol, na floresta o ar é mais saudável porque ele e todas as outras árvores contribuem para isso libertando o oxigénio necessário à vida. O Pequeno Pinheiro porém, deseja tanto deixar o lugar a que pertence que tapa os ouvidos ao apelo da natureza.
A História do Pinheirinho trata-se de um conto onde a insatisfação e a curiosidade própria das crianças está bem presente e onde os amigos fazem a diferença.
Três actores recriam a atmosfera mágica da floresta, alertando no entanto o pequeno espectador dos perigos a que a natureza está sujeita e da urgência de a defender, criando assim uma relação muito próxima com o público e guiando-o nesta aventura, provocam situações cheias de ritmo e musicalidade tão próprias do imaginário infantil.
Autor e encenação: Isabel Bilou | Interpretação: Ana Mora Ferreira, Augusto Graça e Dina Nunes
Na primeira história, uma personagem feminina reinventa o passado através do que tem guardado na sua memória esburacada. Relembra principalmente um companheiro e amigo do período revolucionário do pós-25 de Abril. Ele é agora membro do Governo. Ela viu a tomada de posse na televisão. Sozinha representa, entre a realidade e a ficção, o eu e o outro, os outros…Sem nunca perceber completamente quem é quem. Quem é um, quem é o outro. “Recomeça sempre baralhada pelo desespero de ver andar o mundo, sentindo que já não faz parte dele.” Na segunda história, uma personagem masculina, Ortov, é também um desesperado. Toma o público como testemunha de um crime que não sabemos se cometeu. Acredita mais no mediático do que na Justiça. Diz que matou a vizinha e explica detalhadamente as razões do acto, dando expressão às vozes que ainda ouve na cabeça: da própria vítima e respectivo marido, do psiquiatra…Relata a sua situação ao pormenor. Está mal, muito mal. Descobriu o mal de Ortov.
Autores: Eduarda Dionísio e Jaime Rocha | Encenação: Pompeu José | Cenografia: José Tavares | Intérpretes: Ruy Malheiro e Raquel Costa
O Valentão do Mundo Ocidental é a obra-prima de Synge, a peça que lhe trouxe fama internacional. Ao fazer com que Christy Mahon, o Valentão, acredite que matou o pai, ainda que tal não tenha acontecido, Synge explora as possibilidades cómicas do tema edipiano que envolvem tanto o parricídio como o incesto. Esta comédia esplêndida e extravagante adquire ressonâncias trágicas quando Synge, mais uma vez, faz contrastar o mundo do sonho ou da ilusão (o mundo do Valentão) com o mundo da realidade crua que não pode ser redimida pela imaginação (o mundo dos camponeses). Quando a peça foi apresentada pela primeira vez no Teatro da Abadia, em Dublin, o público provocou um tumulto, chocado com a violência da acção e com a imagem da Irlanda que ela veiculava.
Autor: John Synge | Encenação: José Russo | Cenografia e Figurinos: Sara Machado Da Graça | Interpretação Álvaro Corte Real, Ana Leitão, Ana Meira, Elsa Oliveira, Figueira Cid, Jorge Baião, Maria Marrafa, Nelson Boggio, Rui Nuno, Victor Zambujo
Espectáculo baseado num conto popular.
Miséria, um pobre ferreiro, engana a Morte e é assim condenado à eternidade.
“Falou então a Morte do alto da nogueira e fez com o velhinho um contrato:
poupar-lhe a vida enquanto o mundo fosse mundo.
O velhinho consentiu e a Morte desceu. Por isso, enquanto o mundo for mundo a
Miséria existirá sobre a Terra.”
Autor: Álvaro Magalhães | Encenação: João Paulo Seara Cardoso | Cenografia: Rosa Ramos | Intérprete: João Paulo Seara Cardoso
Uma animada viagem ao encontro de diferentes sonoridades que cruza influências da música de leste, árabe, afro com ska, polka, swing, entre outros. A originalidade na fusão, a energia das letras e as melodias vibrantes contribuem para o ambiente festivo que os KUMPANIA ALGAZARRA levam ao palco.
Um espectáculo contagiante!
Trombone: Francisco Amorim | Percussão, darbuka e congas: Helder Silva | Bateria: Hugo Fontaínhas | Voz, guitarra acústica e sax: Luís Barrocas | Clarinete: Luís Bastos | Contrabaixo: Pedro Pereira | Trompete: Ricardo Pinto | Acordeão: Rini Luyks