Começar a Acabar é um trabalho dramatúrgico surpreendente elaborado a partir de Samuel Beckett que revisita os momentos mais significativos da sua obra. Para João Lagarto, Começar a Acabar é, antes de mais, um profundo ato de amizade entre 2 irlandeses proeminentes: o dramaturgo Samuel Beckett e o actor Jack Macgowran, de onde resultou um monólogo de uma espantosa unidade dramática que passa pelos poemas e pelas vozes de Krapp, Lucky, Molloy, Clov, Malone, entre outras. Celebração da errância temática e da confessionalidade que habitam a obra do autor, Começar a Acabar é a desconcertante confirmação da máxima beckettiana: “ Não há nada no mundo mais cómico do que a infelicidade.”
Encenação, Tradução e Interpretação: JOÃO LAGARTO
Música: JORGE PALMA
Iluminação: José CARLOS GOMES
Figurino: ANA TERESA CASTELO
Produção: PEDRO APARÍCIO
Design Gráfico: BERNARDO PROVIDÊNCIA
Numa clareira da floresta, rodeada de eucaliptos por todos os lados, vive o último representante da floresta nativa, um enorme carvalho solitário. Solitário? Não propriamente. É a última árvore da clareira, é certo, mas nela vive toda uma fauna e flora maravilhosas, e à sua volta gravitam todos os animais da floresta. Apesar dos seus quinhentos e tal anos, comprovados pelos seus quinhentos e tal anéis, este ser está cheio de vida e constitui por si só um verdadeiro ecossistema. Mas eis que a mão do homem, que tudo abafa, que tudo cala, cobiça esta bela árvore e ameaça lançar o seu ganancioso serrote sobre aquele tronco majestoso.
Os habitantes da árvore entram em pânico, se nada for feito para impedir o abate do carvalho irão perder a sua casa para sempre.
Será que a árvore vai deixar que isso aconteça? Com o apoio dos animais e das crianças (os espectadores), o carvalho organiza a resistência. Amigos, chegou a hora de abraçar a árvore.
Autoria e encenação: David Cruz e Estela Lopes
Canções e direcção musical: David Cruz
Interpretação: Andreia Barão, David Cruz e Estela Lopes.
Partindo de histórias tradicionais africanas, o Bica Teatro enceta uma viagem pelos países de língua portuguesa, (re) contado histórias teatralizadas para um público infanto-juvenil. Juntando teatro, música, poesia, cantigas e meia dúzia de adereços queremos, de uma forma lúdica e bastante divertida, provocar encontros, cumplicidades e sorrisos.
Textos: Repertório Tradicional Lusófono
Encenação e interpretação: Paulo Patraquim
Adereços e Figurinos: Bica Teatro
Três actores (três narizes) que simbolizam as diferenças, virtudes e defeitos de todos nós,
ocupam o espaço que se pretende de aproximação e interacção com o público.
Todos nós somos diferentes, mas essas diferenças não
justificam separatismos. Com as crianças esse separatismo acontece frequentemente pelas
mais diversas razões, mas muitas vezes resultado de condições exteriores, nomeadamente
fruto da imitação das atitudes dos adultos.
Quisemos reflectir sobre esse comportamento, mostrá-lo e realçar as diferenças intrínsecas ao ser humano com uma vantagem. A diferença não é um bicho de sete cabeças.
Direcção geral: Rui Ramos
Texto: Criação colectiva
Interpretação: Aline Catarino, Marco Ferreira e Vânia Silva
A acção desenrola-se num hotel estatal algures na longínqua Sibéria onde o protagonista, um funcionário público de irrelevante importância social, se comporta como um cacique de poderes ilimitados, excedendo-se no seu exercício. Os conceitos de ordem e disciplina ganham um estranho sentido absurdo e incongruente num pequeno mundo donde parece ter-se ausentado a sensatez e a humanidade. A chegada de um novo hóspede ao hotel e uma vez equivocada a sua identidade, põe toda a estrutura de poder e chefia em causa, o hotel entra em colapso e desmorona-se caoticamente. Como em outros momentos da história do teatro, também aqui a comédia é a forma de exorcizar fantasmas e pôr a ridículo os “poderosos” mesmo se o seu poder é mesquinho, insignificante e efémero. Vampilov denuncia nesta comédia, a corrupção não apenas nas altas instâncias, mas nos mais pequenos funcionários, insignificantes sem identidade mas que mesmo assim exercem o seu escasso poder de forma tirânica. Apesar da sua curta carreira, interrompida tragicamente aos trinta e cinco anos de idade, Vampilov marcou definitivamente uma nova geração de autores, podendo mesmo falar-se do teatro russo pós Vampilov, onde é latente a memória de Tchekov ou Gogol.
Encenador: Gil Salgueiro Nave
Tradução: Luís Nogueira
Cenografia e figurinos: Luís Mouro
Iluminação e sonoplastia: Vasco Mósa
Interpretação: Fernando Landeira, João Ventura, Luís Campião, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Teresa Baguinho
Senhoras e senhores, meninos e meninas, chefes de família, funcionários, secretárias, intelectuais, desempregados, vereadores da cultura, directores gerais, moradores de um mundo no qual sonhar é uma urgência… Bem vindos ao “Caravan Cabaret”. Um pedaço ambulante de história. Uma caixa de surpresas; um refúgio para proscritos; a estação terminal dos artistas que nenhum espectáculo quer. Bailarinas expulsas dos melhores music-halls de Paris; cómicos espancados nos night clubs de Nova Iorque; mágicos fugidos dos Circos Mundiais; aberrantes belezas esquecidas numa bomba de gasolina por um Freak Show no Minnesota; um cantor que nunca actuará no Coliseu dos Recreios. Para esta família de outsiders interestelares o cabaret é uma forma de viver, de ver, de sentir. Um boulevard de sonhos desfeitos. O Caravan Cabaret é um castigo divino; artistas condenados a
vaguear eternamente numa estrada perdida, num revivalismo de glórias passadas; pequenas doses de arte concentrada, a ponto de serem deitadas para o vazio do esquecimento. Um espectáculo de vanguardismo fulgurante e prestígio garantido. Depois do grandioso “Com Muito Amor e Carinho”: “Caravan Cabaret”!
Temos quase tudo, mas… No hay banda!
Encenação e Dramaturgia: Marta Pazos
Cenografia: Sara Graça;
Interpretação: Aline Catarino, Marco Ferreira, Patrícia Vito, Pedro Ramos, Rui Ramos, Sandra Serra, Susana Nunes, Susana Romão e Vânia Silva.
Operação Técnica: Paulo Troncão
"Comichão no nariz quer dizer que vais ser beijada por um tolo"
"Nunca comas nozes a bordo de um navio"
“Da minha Vista Ponto” é uma comédia sobre excentricidades – diferentes formas de ver o mundo. Fala sobre padrões e rituais que criamos, consciente ou inconscientemente, para que as nossas vidas façam sentido.
Uma toalha é estendida todos os dias numa varanda de um apartamento. Um dia, a toalha não aparece e a vida deste grupo peculiar é afectada: o professor de física quântica deixa de saber quando deve ir ao café; o agricultor não consegue escolher os números para o totoloto e a mulher que acredita que é gata perde o vislumbre do primitivista a nadar nu no rio no alto da serra.
Uma investigação sobre o desaparecimento do vizinho bibliotecário revela as ligações entre estas pessoas, conduzindo ao conflito, romance e confusão!
As histórias dos intervenientes são contadas através de uma mistura de comédia física e verbal, projecções e jogos de sons.
"Se apanhares uma folha cadente no primeiro dia de Outono, não apanhas uma única constipação em todo o Inverno"
Pede um desejo com o primeiro pintarroxo que vires na primavera e ser-te-á concedido"
Encenação e Tradução: Graeme Pulleyn
Cenografia e Figurinos: Helen Ainsworth
Direcção Musical: Carlos Peninha
Interpretação: Abel Duarte, Eduardo Correia, Neusa Fangueiro e Daniela Vieitas
"O Capuchinho Vermelho" para além de fazer parte do nosso imaginárioé indiscutivelmente o conto clássico infantil que mais presente está na memória dos mais novos. Um espetáculo onde os valores da amizade, da defesa do conceito familiar, da preservação do meio ambiente e fundamentalmente "do ser criança" permitem apresentar um trabalho teatral direccionado aos mais novos, utilizando uma linguagem que a eles diz respeito e que os mesmos identificam com naturalidade.
O Escritor A. M. Pires Cabral soube de forma subtil, no seu trabalho de dramaturgia dar uma nova visão do "lobo", conseguindo transmitir o espírito pela preservação do meio ambiente aos mais novos.
O espetáculo é, também, particular pelo cenário - um livro em alto-relevo -, onde os actores representam, substituindo as letras do livro convencional. Esse facto permite no final do espetáculo convidar os mais novos a desfolhar e a percorrer e a percorrer as páginas daquele livro mágico. Para além da fantasia do livro, o espetáculo utiliza ainda outras técnicas, como: marionetas, efeitos sonoros e vídeo...
Encenação: Fábio Timor
Dramaturgia: António Manuel Pires Cabral
Direcção Artísitca: Glória de Sousa
Desenho de luz: André Cesário
Sonoplastia: Jorge Rodrigues
Guarda-Roupa: Dores de Sousa
Interpretação: Andreia Vasconcelos, Fábio Timor, Glória de Sousa, Isabel Feliciano e Rui Félix.
“Á beira do vazio compreendeu o mais importante: que só voa quem se atreve a fazê-lo”
Uma gaivota, vítima da poluição de uma maré negra, confia o seu pequeno ovo a um gato, chamado Zorbas, pedindo-lhe para cumprir três promessas: não comer o ovo; cuidar dele até nascer a gaivotinha; e, por fim, ensiná-la a voar. Zorbas pede então ajuda a três amigos (Colonello, Sabetudo e Barlavento) para tentar levar a cabo a estranha missão de cuidar da gaivotinha. Depois de passarem por muitos perigos para cumprirem as duas primeiras promessas, eles têm que recorrer a alguém muito especial para os ajudar a cumprir a terceira - ensiná-la a voar ! Mas, para isso, têm que quebrar o tabu dos gatos...
Dramaturgia e Encenação: Pedro Carvalho e Valdemar Santos
Desenho de luz: Leunam Ordep
Sonoplastia: Carlos Adolfo
Interpretação e manipulação: Flávio Hamilton, Pedro Carvalho, Teresa Alpendurada, Valdemar Santos
Reviver os grandes medos da infância, deixar-se invadir com prazer pelos sobressaltos e sentir de novo o grande arrepio: "(…)E pegando-lhe nos cabelos com uma das mãos e levantando o cutelo com a outra, ia descarregar-lhe o golpe, quando a desventurada, volvendo para ele os olhos amargurados…"
Em toda a Europa, depois da Idade Média até a nossa época, as bruxas, os ogres, os lobisomens e outros mitos não deixaram, ao longo dos séculos, de fazer medo às crianças. Estes personagens fantásticos que povoam nosso inconsciente coletivo, animaram numerosas histórias muitas vezes aterrorizantes. O "monstro" Barba Azul é uma dessas figuras míticas e arrepiantes. "… e esta pequena chave, que é do gabinete que fica no extremo da galeria dos aposentos do rés-do-chão, podes abrir todas as portas e percorrer todas as divisões, só não poderás ir aí. Proíbo-te de tal modo que nem imaginas como seria minha cólera se me desobedecesses."
O Barba Azul conduzirá o público, pequenos e grandes, ao coração do medo através deste conto maravilhoso. Os intertextos dos irmãos Grimm, que também contaram este personagem, ou os contos tradicionais, de França "O barba ruiva" e o português "O colhereiro" vão mostrar a universalidade deste mito e dotar o espetáculo de uma maior densidade dramática.
Autor: Charles Perrault/José Caldas
Encenação: José Caldas
Cenografia: Marta Silva
Música: Miguel Rimbaud
Interpretação: José Caldas
Desenho de luz: José Caldas
Baltazar Fortuna regressa a Xigovia para matar... saudades.
Pretende reecontrar os seus ex-amores: Mariana Chubichuba, Judite Malimali e Ermelinda Feitinha.
Entretanto, num sonho, elas, as três, dizem-lhe:
"Nós não te precisamos matar, nós já te matámos dentro de nós. Há muito tempo que não vives nas nossas vidas..."
Encenação: Pompeu José
Cenografia: Zétavares e Marta Fernandes da Silva
Figurinos: Ruy Malheiro
Desenho de luz: Luís Viegas
Música: Cheny Mahuaie, Fran Perez, Lígia Zango, Matchume Zango e Tinoca Zimba
Interpretação: José Rosa e Sandra Santos
Na primeira parte, com "O Papa", Dario Fo traça um retrato bem humorado dos dois últimos Papas anteriores a João Paulo II, sendo que um é apresentado como um Papa trágico, Paulo VI e o outro, João Paulo I, um Papa bem humorado. Nesta adaptação os Papas funcionam como um Ex-Libris teatral, sendo representados por duas máscaras, uma Trágica e outra Cómica.
A segunda história, é a versão Apócrifa do nascimento e da infância do menino Jesus, acompanhado a fuga da Sagrada Família para o Egipto e o 1º Milagre de um menino Jesus que aqui representa o estrangeiro, o imigrante rejeitado pelos outros meninos, que se revolta contra a opressão exercida pelo filho do Senhor da Cidade.
Tradução e encenação: Filipe Crawford
Figurinos: Rosa Freitas
Operação de luz e som: João Marques
Interpretação: Filipe Crawford
Um homem em busca da serenidade desembarca no apartamento de um casal à beira da ruptura. Deus? Um estranho? Um estrangeiro? Um desconhecido? Terá ele a função de desencadear o confronto latente e revelar aos outros os seus destinos ou é personagem envolvida na trama dos acontecimentos não saindo dela ileso? Um confronto de pessoas ou um confronto de culturas? A Europa não está preparada para assimilar África e por isso a estranha personagem permanece "O Desconhecido"? Ou o estranho desconhecido rejeita a Europa que não o compreende e continua a olhar para ele com estranheza? Um abismo entre a declaração de intenções e os factos? Dois mundos que se ignoram? O absurdo marcou encontro com o humor, mas depois desse encontro nada será como dantes.
...E se um dia chegasse a casa e encontrasse um estranho vestido com o seu roupão?
Encenação: José Peixoto
Tradução: Mário Jacques
Cenário e figurinos: Teatro dos Aloés
Dsenho de luz: Mário Pereira
Música: Rui Rebelo
Interpretação: Elsa Valentim, Daniel Martinho e Jorge Silva
O Combo de Jazz da Associação Cultural do Imaginário não é uma banda de jazz no sentido vulgar. É antes um local de encontros de músicos, de músicos de outras músicas, de músicos artistas de outras artes e de outras profissões. Na formação do COMBO que aqui se apresenta há gente do teatro, performers de arte e músicas tradicionais, músicos de conservatório e músicos de hobby. Este COMBO é onde se reúnem, nem sempre os mesmos, para prática do JAZZ. Aqui, quais personagens de um conto Cortazar, transfiguram-se na «entrega (...) ao jazz como exercício modesto de libertação». A Associação do nome é a entidade que eles e outros fundaram para que os recebesse e às suas actividades no campo do teatro, da música, das artes tradicionais, da animação de rua, da fotografia, da escultura, da poesia, enfim, de todas as artes que cabem no seu IMAGINÁRIO. Por isso, o repertório da banda é tão diverso e tão pouco fiel à lógica de escolas ou outros clichés do mundo do jazz. Claro que há standards (há sempre um melómano no meio de tudo disto!) quer do american songbook, quer de músicos e compositores que deixaram a sua marca na história do jazz dos anos 1950 e 1960, como heranças, seja de outros gostos, interesses e saberes, seja de outros projetos musicais (alguns até da área do jazz mais clássico). Por isso o repertório visita também os blues de New Orleans e desdobra-se em arranjos para jazz de canções de cancioneiros tão distantes como os do leste europeu e da música popular portuguesa.
Voz: Susana Bilou
Sax tenor, sax soprano, flautas: Gil Salgueiro Nave
Piano: Hélder Gonçalves
Contrabaixo: Joaquim Nave
Bateria, percussões e flauta de tamborileiro: Bruno Cintra
Apoio técnico: Wladimiro Garrido