Um ator vê passar diante de si os personagens que interpretou ao longo da sua vida, como se fossem sombras da caverna de Platão. O palco como uma caverna platónica? Os personagens são apenas sombras projetadas no palco que o público percebe? Os atores são para o público parte dessa sombra ou a sombra em si? O ator, em suma, como passageiro dessas sombras, como alguém que é e ao mesmo tempo não é, como o corpo de uma sombra ausente e presente ao mesmo tempo. Um ator que recorda a sua vida a partir dos seus personagens, que reconstrói a sua existência a partir dessa viagem particular às sombras. Sombras que constituem a biografia autêntica do ator. Sair da caverna e alcançar a luz. As sombras desaparecem. A representação terminou. A vida do ator também. O ator cantou o seu canto particular do cisne.
Dramaturgia e encenação: Etelvino Vazques
Assistente de encenação: Moisés González
Interpretação: Etelvino Vazquez
Cenografia: Etelvino Vazquez
Iluminação: Jesús Pérez
Figurinos: Manuela Caso
Música: Puccini, Bach, Satie, Madredeus, Carlos d’Alessio, Tom Waits, Canto Gregoriano, M.J.Cohen, Sreamin’Jay Hawkins, Leoncavallo, Bizet
Desenho de cartaz e programa: Asturor
Fotos: Rafa Pérez
Gravação vídeo: Jesús Pérez
Gravação musical: Producciones Drummers
Edição digital: One-Off Audio Digital
Artigo 20.º
Acesso ao direito e tutela jurisdicional efetiva A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos.
na Constituição da República Portuguesa
“A justiça inflexível é frequentemente a maior das injustiças.”
Terêncio 185 a.c. – 159 a.c.
“Para ser justo há que dizê-lo: é sempre um prazer regressar ao Campo Benfeito. Esta é uma realidade que na verdade nem devia existir. Onde já se viu haver um teatro, numa aldeia no meio de uma serra, onde nem um café existe? Esta é uma realidade que nenhum manual de políticas culturais ou sociais defenderia, e no entanto cá está o Teatro da Serra de Montemuro a fazer teatro desde 1990. É por isso que é bom, o real nunca sai dos manuais, sai dos sonhos de quem o construi. De quem sente uma falta e desfaz injustiças.”
Ricardo Alves – Campo Benfeito outubro de 2019
Texto e Encenação: Ricardo Alves
Cenografia, figurinos e cartaz: Sandra Neves
Interpretação: Abel Duarte, Ana Vargas, Dóris Marcos, Eduardo Correia, Maria Teresa Barbosa e Paulo Duarte
Construção de cenários: Carlos Cal
Costureiras: Capuchinas crl
Assistência à Cenografia, construção de cenários e Figurinos: Maria da Conceição Almeida
Desenho de Luz: Paulo Duarte
Direção de Produção e Comunicação: Paula Teixeira
Assistência à produção e comunicação: Marta de Baptista
Direção de Cena: Abel Duarte
Fotografia e vídeo: Leonel Balteiro
“Acorda, acorda, há uma revolução”. É assim que José M. toma conhecimento do movimento militar desencadeado na madrugada do 25 de Abril. A sua resposta, ainda ensonada, parece insólita. “Deixa-me dormir, pá, não me chateies!” Pelo palco e plateia passarão os dias da descoberta e da alegria de “o povo unido jamais será vencido”, do inesperado e inesquecível primeiro de Maio, a evocação de um tempo de deslumbramento e esperança em que “Nunca Portugal foi tão feliz”. Tudo era então possível quando “o sonho comanda a vida” ainda que, depois da bela aurora e ao finar o dia primeiro, as lágrimas voltassem a aflorar os rostos desta “gente feliz” chorando os últimos mortos, nas horas amargas que Lisboa viveu junto à PIDE, quando se conquistava a nova cidade de mãos dadas com os jovens capitães, ao serviço do povo. A morte voltava a sair à rua, agora num dia sim, o dia da libertação. Recordaremos a cidade do Porto nos primeiros dias de festa e luta com o povo na rua, ajudando a determinar o carácter revolucionário que tomou o levantamento militar, neutralizando as forças que ainda resistiam à mudança.
Texto, Dramaturgia e Encenação: José Leitão
Assistência de Encenação: Daniela Pêgo
Interpretação: Daniela Pêgo, Susana Paiva, Patrícia Garcez e Luís Duarte Moreira
Participação em Vídeo: Flávio Hamilton e Inês Marques
Direção musical: Rui David
Figurinos: Luísa Pinto
Apoio ao Movimento: Constanza Givone
Direção Técnica, Desenho de Luz e Vídeo: André Rabaça
Direção de Produção: Sofia Leal
Apoio à Produção: Ana Teixeira e Sónia André
Fotografia: Paulo Pimenta
Design Gráfico: Sofia Carvalho
A obra literária de Alves Redol, reflete a natureza sensível do homem e do escritor numa permanente preocupação na transmissão de valores éticos em defesa de princípios e direitos de humanidade para todos os cidadãos, impulsionando a democratização e acesso à educação, por forma a consciencializar o seu papel determinante na transformação do mundo. A complexidade dos tempos que vivemos; o consumismo, a sociedade mercantil sem limites; os jogos eletrónicos obsessivamente agressivos sem objetivos didáticos e educativos onde a ausência de valores nos distancia irremediavelmente da realidade, mergulhando-nos num limbo virtual, desperta-nos memórias adormecidas no tempo. Na procura de sinais que o progresso nos deixa escapar, somos solicitados a um reencontro com a poética que ressalta da obra do autor, evocando a vida do homem e a sua ligação à terra. A terra, esse mundo mágico onde tudo começa… É esta reflexão que incentiva a vontade de criar cenicamente, uma das suas obras onde o tema se impõe: a riqueza da terra e a forma generosa como ela nos oferece o que hoje descuidadamente se deixa morrer: o alimento saudável da humanidade (alimentos que não surgem nas prateleiras das grandes superfícies comerciais). Este espetáculo, especialmente endereçado aos jovens, inspira-se na metamorfose das sementes do trigo - o ciclo do pão - que é também uma metáfora abrangente quando indicia uma forma plena de conhecimento e sabedoria, transmitindo a verdadeira magia da terra e a importância da sua preservação. “ Um mundo mágico…”, é um contributo artístico que estimula a sensibilidade dos jovens espetadores para um dos mais importantes dilemas da sociedade contemporânea: a defesa do planeta.
A partir de “A vida mágica da sementinha”, de Alves Redol
Encenação: Isabel Bilou
Cenografia e figurinos: Luís Mouro
Adereços: Fernando Landeira e Dina Nunes
Conceção musical: Tiago Moreira
Interpretação: Margarida Calaveiras, Sílvia Morais e Tiago Moreira
Desenho de luz: Fernando Sena e Pedro Bilou
Operação de luz e som: Pedro Bilou
Costureira: Amélia Cunha
Carpintaria: Ivo Cunha
Cartaz: Luís Mouro
Produção: Celina Gonçalves
Fotografia: Fernando Landeira
“Armstrong” é um espetáculo com recurso à multimédia, em que um ator interpreta a figura do astronauta Neil Armstrong e nos vai proporcionando o percurso da perceção e evolução científica da organização do Sistema Solar. Esta 51ª criação do Teatro Extremo integra o Ciclo “EmCena a Ciência” que a companhia promove, como são exemplo as peças que levou à cena “Maria Curie”, “Depois de Darwin” ou “Einstein” que continua a ser apresentado ao público desde 2005. Neste espetáculo, o primeiro astronauta que pisou a lua, Neil Armstrong, entre o sonho e um relato de memórias consigo próprio, vai-nos proporcionando o percurso da perceção e evolução científica da organização do Sistema Solar, introduzindo em cena os protagonistas dos principais modelos: Ptolomeu, Copérnico, Galileu, Newton e Einstein.
Texto e Encenação: Castro Guedes
Interpretação: António Rodrigues
Intérpretes vídeos: Afonso Guerreiro, Bibi Gomes, Fernando Jorge Lopes, Jaime Soares, Karas, Marco Mendes, Rui Cerveira
Cenário: Fernando Jorge Lopes, Daniel Verdades
Assistente de Encenação: Josefina Correia
Desenho de Luz: Daniel Verdades
Construção e Montagem: Celestino Verdades, Daniel Verdades, Maria João Montenegro
Adereços em fibra de vidro: Maria Ribeiro
Adereços e Maquilhagem: Maria João Montenegro
Sonoplastia: António Rodrigues
Figurinos: Fernando Jorge Lopes, Josefina Correia
Vídeos de Cena: António Rodrigues
Fotografia: Luís Aniceto
Grafismo: P2F atelier
Vídeo Promocional: António Rodrigues
Direção de Produção: Sofia Oliveira
Assistência de Produção: Paula Almeida
Comunicação e Assessoria de Imprensa: Nádia Santos
Promoção: Victor Pinto Ângelo
O essencial dos meios utilizados é composto por um lugar de representação chamado retábulo, construído em madeira e tecidos floridos, reproduzindo um palco tradicional em miniatura com pano de boca, cenários pintados em papelão e iluminação própria (candeia de azeite); os Bonecos são realizados em madeira e cortiça, medem entre 20 e 40 centímetros de altura e são vestidos com um guarda-roupa que permite, como no teatro naturalista, identificar as personagens da fábula contada. A música (guitarra portuguesa) e as cantigas são executadas ao vivo. Os textos, transmitidos oralmente, resultam de uma fusão entre a cultura popular e uma escrita erudita.
Atores - manipuladores: Ana Meira, Gil Salgueiro Nave, Isabel Bilou, José Russo e Victor Zambujo
Acompanhamento musical: Gil Salgueiro Nave
Florival é um menino inocente e curioso, que vive em perfeita harmonia com a Natureza, acompanhado pelas ovelhas que pasta por entre as montanhas e vales. Ao longe, ele vê a cidade que lhe provoca interrogações, e é uma personagem enigmática, que nos lembra um Cogumelo, que lhe traz as respostas às perguntas espontâneas: — As aves batem as asas para voar — tem de ser! Então porque é que os aviões não precisam de as bater? O ambiente familiar, com a sua Mãe sempre certa no que diz e pronta para o mimar, o seu Tio resmungão e cheio de bondade, e uma realidade onde descobrimos soluções pela Magia, caracterizam um ambiente edílico que nos faz aperceber que vale a pena acreditar que somos capazes de viver respeitando a Natureza. “O Pastor Florival e o Cogumelo Sabichão” é um texto inédito da autoria de A. M. Pires Cabral, em resposta ao desafio da Urze Teatro ao escritor. O resultado é o espectáculo “Florival - O Pequeno Pastor”, que conta com a experiência do Teatro e Marionetas de Mandrágora, unindo literatura, marionetas e actores, num universo centrado no imaginário poético.
Texto: A. M. Pires Cabral
Encenação e adaptação dramatúrgica: Filipa Mesquita
Interpretação e manipulação: Glória de Sousa, Isabel Feliciano e Fábio Timor
Assistente de encenação: Clara Ribeiro
Concepção plástica, e execução das marionetas: enVide nefelibata e Clara Ribeiro
Música e sonoplastia: Paulo Araújo
Desenho de luz: Filipa Mesquita e Urze Teatro
Ilusionismo: Orimar Serip
Apoio à criação: Teatro de Marionetas de Mandrágora
Design gráfico e registo fotográfico: Paulo Araújo
Operação técnico: Ricardo Tojal
Produção executivo: Madalena Marques
Apoio à produção: Felisbela Pinto
A primeira farsa de Gil Vicente foi também uma das primeiras peças da Península Ibérica a apresentar uma intriga, em vez de um monólogo representado por um actor, como era uso nas cortes palacianas. O tema tem como pano de fundo os descobrimentos e as suas consequências sociais. Filipe Crawford encena assim “Auto da Índia”, tentando ser fiel ao espírito do original, pretendendo situar a peça na sua época e a representação no contexto do teatro das cortes no final da Idade Média, inspirando-se até em “Decameron” de Pasolini, a partir de Boccaccio. Realça-se a farsa, e através de uma história cómica, todas as personagens são criticadas e ridicularizadas.
Texto: Gil Vicente
Encenação: Filipe Crawford
Assistência de Encenação e Desenho de Luz: José Maria Dias
Interpretação: Carina Sobrinho, Carlos Pereira, Eduardo Dias, Graça Ochoa e Henrique Gomes
Cenografia e Imagem: José M. Castanheira
Figurinos: Maria Luís
Sonoplastia: Emídio Buchinho
Música: Eduardo Dias
Fotografia Ensaio e Vídeo: Leonardo Silva
Filmagem Integral: Hugo Andrade e Bernardo Conceição
Design de Comunicação: Flávia Rodrigues Piątkiewicz
Execução de Figurinos: Gertrudes Félix
Produção: Graziela Dias e Patrícia Pereira Paixão
Estagiária: Micaela Castanheira
Aquando da nossa indepência em 1640, com a redefinição das nossas fronteiras, a pesca no rio Minho gerou questiúnculas entre galegos e portugueses. Isso deu tema e conteúdo ao “Entremés Famoso sobre da pesca do Rio Minho”, primeiro texto da literatura dramática galega. Nessa peça, o português era um fidalgote egoísta fanfarrão e arrogante que era combatido com sucesso pelos labregos paroquianos de Tuy. Este nosso “Entremezes” é como uma resposta jocosa, a olhar com ternura e simpatia para os descendentes desses galegos separados de nós pela mesma língua. Fomos separados por fronteiras políticas. Não culturais nem geográficas. Ainda existe em Portugal memória do Couto Misto (Mixto para os galegos). Trata-se de um pequeno enclave, formado por quatro aldeias vizinhas, a norte de Chaves, que durou como república independente durante séculos. No século XX, Portugal e Castela, perdão, Espanha resolveram incorporar aquele território nos respetivos países. A alienação e novo desenho das fronteiras mútuas deram, por exemplo como resultado, a separação de uma casa a meio. Esse facto deu tema e conteúdo a parte do nosso “Entremezes”. Resolvemos seguir por essa via das rimas ora de sete sílabas, ora de oito sílabas e até mesmo de dez. Rimas tratadas com vontade de brincar com a nossa língua e a dos outros, (a peça é falada em cinco) sempre sorrindo e rindo, de vez em quando. Usando bombos, cavaquinhos, dança ingénua e desejo de afadistar a vida, sem esquecer momentos filosofantes sobre a necessidade ou desnecessidade das fronteiras. Esperamos que fique, no final, uma grande simpatia e mais proximidade com os nossos vizinhos, a quem continuamos ligados pela mesma raia, e unidos por memórias e histórias comuns.
Texto, encenação e cenografia: José Carretas
Figurinos: Margarida Wellenkamp
Música original: Telmo Marques
Desenho de luz: Hâmbar de Sousa
Operação de luz e som: Luca Fernandes
Confeção de figurinos: Alfaiataria Juvenal e Lucinda Silva
Carpintaria: Ivo Cunha
Cartaz: Luís Mouro
Fotografia de cartaz: Fernando Landeira
Direção de produção: Fernando Sena
Produção: Celina Gonçalves
Interpretação: Fernando Landeira, Hâmbar de Sousa, Sílvia Morais, Susana Gouveia e Tiago Moreira
PROYECTO VOLTAIRE - Música de Mobiliario é uma proposta artística que permite experimentar livremente a música para criar uma atmosfera de imagens e sensações com um ar minimalista, onde podem ver-se influências de circo, cabaret e dadaístas. Projeto Voltaire é música para ver, sentir e sonhar: Uma experiência sensorial Um concerto hipnótico e minimalista. Com um estilo romântico e próximo do cabaret, o repertório inclui peças como Gnossienne e Gymnopédie Nº1 de Erik Satie e Alabama Song de Kurt Weill; uma versão hipnótica para serrote de Ave Maria de Schubert, a revisão de alguns temas do cancioneiro popular, boleros e composições próprias com solos de trompete anfíbio e risos. Um repertório baseado na simplicidade, na teatralidade e na busca por sensações e imagens sugestivas compostas pela deslocalização de objetos, instrumentos e sons. O Proyecto Voltaire propõe a busca de novas texturas sonoras para instrumentos musicais convencionais como a trombeta submersa numa tigela de água, bem como a criação de novas sonoridades com instrumentos inventados ou pescados no barro da vida cotidiana, provocando acidentes sonoros com os quais jogar ao vivo. "Música que se vê", sugestiva, minimalista, um tanto extravagante e temperada com ideias disparatadas, complementadas com textos musicados.
Autoria, criação e interpretação: Antonio Campos, Rafa Campos e Rafael Rivera
Direção Musical: Antonio Campos
Música: Antonio Campos, Rafa Campos, Rafael Rivera, E. Satie, L. Daniderff y F. Schubert
Figurinos: Engatosarte (Angie Paz)
Cenografia: Lapso Producciones
Iluminação e som: Diego Cousido
Fotografia: Pepo Herrera
Vídeo: Juan G. Peregrina y CCImagen
Produção e distribuição: Lapso Producciones