No último capítulo do Ulisses, de Joyce, o senhor Leopold Bloom, depois de deambular vinte horas por lugares de Dublin regressa a casa a fim de se deitar com a sua esposa. Pois, deita-se e logo adormece. É durante o sono do senhor Bloom que a esposa, Molly, desvenda facetas da personalidade dele e da sua própria. É um solilóquio torrencial, fragmentado, com frases ligadas ininterruptamente por associações de pensamentos, sonhos e fantasias eróticas que assolam esta mulher durante a insónia. Debate-se a questão da evidência, ou não, de se tratar de um discurso com sentido feminista. A nós, interessa-nos sobretudo abordar esta metáfora de Penélope no plano existencial.
Autor: a partir do XVIII capítulo de Ulisses, de James Joyce
Adaptação e dramaturgia: José Sanchis Sinisterra
Tradução: José Bento
Encenação: Luís Vicente
Espaço Cénico: Octávio Oliveira e Luís Vicente
Intérpretes: Glória Fernandes e Bruno Martins
Voz off em Avé Maria, de Gounod: Lara Martins
Desenho e operação de luz: Octávio Oliveira
Desenho e operação de som: Diogo Aleixo
Multimédia: João Franck
Assistente de encenação: Constança de Melo
Design: Rita Merlin
Assistente de comunicação: Sofia Margarida
Produção: Ana Anastácio e Márcia Martinho
O homem forte e bom que vem ao nosso encontro, é Piotor. Piotor não é português. Caiu de um avião de carga numa noite de temporal, numa serra árida onde depois de muito andar no escuro, encontra um cão. Esse cão é pastor e leva-o para junto do seu rebanho. O rebanho leva-o para a aldeia. Na aldeia há um teatro e o vazio que Piotor sentia, preencheu-se. Piotor trouxe consigo uma história sobre a água…sobre uma gota de água que ao cair do céu da Rússia, transforma as crianças que a querem ouvir, em pequenos russos que em vez de mãos, têm o poder de trazer a chuva e o dilúvio para dentro de casa. Quando a história termina, as crianças só esperam que a gota de água volte a cair para refrescar os seus dedos…
Texto: Madalena Victorino e Paulo Duarte
Encenação: Madalena Victorino
Assistente de encenação: Abel Duarte
Cenografia e figurinos: Sandra Neves
Direção musical e banda sonora: Fernando Mota
Interpretação: Piotor (Paulo Duarte) a sua Sombra (Maria da Conceição Almeida) e sete pequenos músicos russos
Ah, não são umas pedradas que me vão deter… todas estas batalhas anunciam que estamos perto da riqueza e da grande glória. Adiante, para diante é que é o caminho. Vamos, vamos, há donzelas a salvar, terras para libertar e ingénuos para ajudar. Com muito humor e alegria, uma adaptação do grande clássico da literatura mundial, que dá a conhecer, aos mais novos, a inesquecível personagem de Dom Quixote de la Mancha. Apenas dois atores dão vida a passagens hilariantes como a aventura com os moinhos de vento, a batalha com o rebanho de ovelhas, a espantosa e desatinada aventura com os leões, o maravilhoso encontro com os Duques, entre outras aventuras que têm tanto de fantástico como desastrosas. Um espetáculo que desperta a curiosidade para uma das obras mais fascinantes da literatura mundial, deixando uma mensagem de incentivo à aventura. Este D. Quixote com o seu fiel companheiro Sancho Pança prometem divertir, encantar e apelar à coragem de viver os próprios sonhos.
Adaptação livre a partir da Obra de Miguel Cervantes
Encenação: Eduardo Faria
Dramaturgia: Joana Soares
Interpretação: Eduardo Faria e Joana Soares
Adereços e figurinos: Joana Soares
Produção: Varazim Teatro
Teatro do Absurdo para tempos... Raros? Três personagens próximos a Buster Keaton, Charlot ou aos irmãos Marx, oferecem-nos a sua visão peculiar e surpreendente da realidade e da vida, às vezes delirante, outras vezes cruel, irónica, divertida e transgressora. A sua existência está marcada pela repetição. Esperam sempre por algo que acaba por não chegar, imaginam situações que talvez nunca existam, inventam histórias impossíveis. No seu mundo tudo pode acontecer, mas nunca acontece nada. Eles anseiam pelo mundo exterior, por viver a vida dos “de fora”. Que aconteceria se num belo dia um deles decidisse quebrar a convenção, esquecer as regras e viver a sua própria aventura? Tudo é possível nestes tempos em que vivemos, até mesmo a esperança de que um mundo melhor é possível.
Dramaturgia: Cristina Yáñez
Direção e Encenação: Cristina Yáñez
Interpretação: Javier Anós, Daniel Martos e Natalia Gomara
Cenografia e Adereços: F. Labrador
Iluminação e Criação Vídeo: Felipe García Romero
Espaço sonoro – arranjos musicais: Rubén Larrea
Figurinos: Jesús Sesma
Maquilhagem: Ana Bruned
Design gráfico: Samuel Aznar
Fotografia: Juan Moreno
Produção Executiva: Fernando Vallejo
Três raparigas vivaças, marotas, desbragadas, vivendo a vida como podem, encontrando a alegria nas festas da sua cidade. Três personagens que, criadas por António Onetti, tanto serão naturais de Sevilha de Espanha, como de Vila Franca de Xira de Portugal. Caracterizadas pela diversidade cultural do subúrbio, mesmo às portas de Lisboa, entre fábricas, epidemias, bebedeiras… e com um amanhã nunca muito diferente do ontem. Um olhar para toda uma região de gente invisível que vive mesmo ao lado da cidade – gente que anda nos comboios suburbanos, que chega cansada a uma casa, que ninguém vê.
A partir de António Onetti
Encenação: Rui Dionísio
Interpretação: Ana Lúcia Magalhães, Juana Pereira da Silva, Sara Cipriano e Frederico Costa
Movimento: Teresa Marcelino
Voz e Elocução: Luís Madureira
Cenografia: José Manuel Castanheira
Iluminação: Miguel Cruz
Figurinos: Rita Gaspar, Fátima Bibes
Criação: Cegada Grupo de Teatro
As criaturas vulgares Se “A Força do Hábito” fosse um quadro de Magritte, teria inscrita a frase: “Isto não é um retrato de artistas”. Artistas relutantes, diga-se. Exilados, ambulantes – o público no escuro é reconhecido pelo faro apurado de Garibaldi: em cada cidade, um cheiro diferente. Os artistas odeiam-se entre si, não se entendem, embora precisem uns dos outros, e por isso mesmo. Para tocar em conjunto, para continuarem vivos. Continuando a ensaiar o “Quinteto da Truta”. A vida de todos os mortais precisa de narrativas construídas pelos artistas. E de que se alimentam os artistas para sua sobrevivência, para além do cheiro do público? Doutras artes, doutras práticas que lhes exigem persistência em busca da perfeição. A par dos afectos esquinados pelas ovelhas tresmalhadas da família e das memórias extremas. Dos momentos inesquecíveis, entre a ocasião sublime e o acidente fatal. Provas de vida a cada dia de ensaio, dentro e fora da “pista”. Sentidos alerta: um passo em falso, e é a morte do artista. Não desistir do treino e do rigor: cabeças e corpos. Ferrara / fé rara. De terra em terra, de estação a estação, a viagem com esperança no infinitamente difícil, inatingível. Uma homenagem que Thomas Bernhard presta à gente do Teatro, do Circo e da Música, com verrina e ternura. Criaturas (in)vulgares em versão de câmara. Nuno Carinhas
Autor: Thomas Bernhard
Tradução: Alberto Pimenta
Encenação: Nuno Carinhas
Cenografia, figurinos e cartaz: Luís Mouro
Desenho de luz: Fernando Sena
Sonoplastia: Hâmbar de Sousa
Interpretação: Fernando Landeira, Roberto Jácome, Sílvia Morais, Susana Gouveia e Tiago Moreira
Apoio musical: Maria Gomes e Rogério Peixinho
Operação de luz e som: Hâmbar de Sousa
Confeção de figurinos: Sofia Craveiro
Carpintaria: Pedro Melfe
Produção: Celina Gonçalves
Fotografia e Vídeo: Ovelha Eléctrica
5 a.C. aprox., uma família da Nazaré com um bebé foge de Belém para o Egipto. 1212 d.C., milhares de crianças cristãs Europeias tentam cruzar a Europa e África para conquistar a Terra Sagrada aos Muçulmanos. 1939 d.C. milhares de crianças, na sua maioria Judias, são transportadas da Alemanha, Áustria, Checoslováquia, Polónia para países como França, Bélgica ou Reino Unido. 2017 d.C. aprox. um milhão de crianças procuram asilo na União Europeia. Fugir, procurar, cruzar, transportar, refugiar em procura de algo melhor, a sua Terra do Nunca. Nesta performance, bebemos da(s) história(s) de fuga, a partir de “A Cruzada das Crianças", de Marcel Schwob, como fio condutor.
Criação: Eduardo Dias e Patrícia Paixão
Interpretação: Patrícia Paixão e Ricardo Guerreiro Campos
Música Instrumental Intro: Inês Monteiro Pires
Música Final: A Garota Não (Tema "Mediterrâneo")
Imagem, Vídeo e Operação Técnica: Leonardo Silva
Apoio ao Design Gráfico: Flávia Rodrigues Piątkiewicz
Produção: Graziela Dias
Coprodução: Casa Da Cultura, Setúbal
Produção Executiva: Teatro Estúdio Fontenova
“Isto o vi eu. E continuo viva. E ainda há quem não queira inteirar-se.” A dureza testemunhal é uma das principais qualidades deste texto seco e sórdido de Aub. Não quero que ninguém me console, diz Emma Blumennthal ao resistir à tentação melodramática e ao esquecimento. Tenta mitigar a sua própria amargura por todas as perdas, encontrando-lhes um sentido e uma missão. E a sua missão é o testemunho, a presença e a denúncia: isso eu vi. Sim! E ainda estou viva. E ainda há quem não queira inteirar-se. As suas palavras assumem uma dimensão enorme e justificam a sua presença diante de nós. Apesar do sofrimento, aquela mulher torturada pela vida e pela história decide ir em frente, viver, lutar e, acima de tudo, recordar, porque como diz: se não houver memória, para que se vive? Isto explica claramente a nossa proposta: romper as fronteiras do silêncio e do esquecimento. Por isso veio, para que nos deixe observar sua miséria e degradação, por isso vamos pôr em cena este texto; para não esquecer aqueles que viveram estas e outras guerras, recordar as vítimas dos totalitarismos aniquilantes e avisar para o perigo de uma sociedade que roça a debilidade. Para reivindicar o valor do teatro testemunho do exílio, como um instrumento vivo e eficaz para interpelar a sociedade. Ignácio Garcia
Autor: Max Aub
Tradução: Ivonete da Silva Isidoro
Encenação e dramaturgia: Ignácio Garcia
Assistente de encenação: Solange Sá, Grasiela Muller
Adereços: Grasiela Muller
Cenografia: José Manuel Castanheira
Técnico de luz e som: Fábio Tierri
Figurinos: Manuela Bronze
Confeção: Mónica Melo
Desenho de luz: Bogumił Palewic
Fotografia: Eduarda Filipa
Vídeo: Frederico Bustorff Madeira
Elenco: Ana Bustorff (atriz convidada)