O sentido do absurdo de uma vida onde a morte e um assassinato aleatório podem conduzir a uma nova consciência do ser e do sentir. E onde um exercício sobre a memória, numa espécie de interrogatório para memória futura, pode reconduzir a uma espécie de Via Crucis que conduza a um novo futuro. Voltamos a Camus, aprofundando a razão do porquê da escolha e interrogando Outros, neste caso, directores, actores, estudiosos da Obra, críticos, sobre as razões que conduziram Camus aos palcos, nacionais e europeus. A importância da reconstituição da Memória individual para entender o Presente colectivo.
Autor: Albert Camus | Adaptação: Lelio Lecis | Encenação e dramaturgia: Lélio Lecis | Assistente de encenação: Julia Pirchl | Espaço cénico: Valentina Enna | Figurinos: Marco Natari | Guarda roupa: Raquel Ribeiro | Desenho de Luz: Sérgio Lajas | Montagem: Fernando Gomes | Elenco: Rui Madeira, Solange Sá, Eduarda Filipa, António Jorge, André Laires, Rogério Boane, Carlos Feio
O Karlik danza-teatro presta homenagem à filósofa espanhola María Zambrano, no 30º aniversário da sua morte. Depois de quase meio século de exílio, Espanha reconhecerá a figura de María Zambrano concedendo-lhe o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades em 1981 e em 1988 será a primeira mulher a receber o Prémio Miguel de Cervantes de Literatura.
Convidamo-lo a conhecer a figura de María Zambrano enquanto mulher, pensadora, criadora através da palavra dançante, da imagem, a metáfora e o símbolo que nascem do pensamento poético.
Interpretes: Lara Martorán y Elena Rocha | Direção e Dramaturgia: Cristina D. Silveira | Coreografias: Cristina Pérez Bermejo, Elena Sánchez Nevado, Cristina D. Silveira | Assistência de Direção e Investigação: Pedro Luis López Bellot | Composição Musical Original: Álvaro Rodríguez Barroso | Cenografia, Figurinos e Desenho Gráfico: Susana de Uña | Investigação e Realização de Video - Fotografia: Yorgos Karailias | Desenho de Luz e Direção Técnica: David Pérez Hernando | Cantora: Anna Picornell Hernández | Voz off: María Zambrano, Elena Sánchez Nevado, Pedro Luis López Bellot | Realização de Cenografia: Antonio Ollero, La Nave del Duende | Figurinos: Luisa Penco, Lali Moreno | Técnico de Iluminação: Alfonso Rubio | Edição e Animação de Video: Mara Núñez Berrocoso | Assistente de Produção: María López Martín | Produção: David Pérez Hernando
Um navio, um naufrágio, um desterro, uma ilha, um tesouro. Com personagens de A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, e de A Tempestade, a peça mais poética de Shakespeare surge embrulhada no manto de magia de Próspero, perdida no mapa de Jim e achada nas músicas de Ariel e Caliban. Afinal, tudo está bem quando acaba bem. Acordado ou a sonhar? “Não se sabe, / ninguém sabe na ilha / (que agora é uma só). / Pois da mesma matéria / eles são feitos, eles e os sonhos / de uma matéria igual”. Um regresso aos clássicos a partir da releitura criativa de Ana Luísa Amaral.
Texto a partir da obra de Ana Luísa Amaral | Dramaturgia e Encenação: Vítor Fernandes | Interpretação: Oriana Pereira, Nii Ribeiro e Ricardo Leal Calatré | Música e Desenho de Som: Paulo Pires | Desenho e Operação de Luz: Fernando Oliveira | Desenho e Construção de Marionetas: Susana Morais | Figurinos: Ana Nogueira | Cenografia: Daniel L. Machado | Construção de Cenários: Dinis L. Machado, Pedro Bernardino e Jorge Lourenço | Adereços: Ana Nogueira, Jorge Lourenço e Sofia Mar | Produção Executiva: Alejandrina Romero e Ana Luísa Fernandes | Produção: Jangada Teatro
Famílias há muitas e para todos os gostos. Há famílias pequenas, grandes, divertidas, aborrecidas, inseparáveis, separadas, tradicionais, revolucionárias.
Em todas as famílias há tradições, objectos importantes, fotografias preciosas, coisas que adoramos e outras que nos irritam.
Há os novos, os velhos, os do meio, os próximos, os afastados, os que já não estão cá e todos têm o seu lugar e a sua função.
Há a família que nos calhou em sorte (ou azar, porque também acontece), há as que nos adoptam e as que nós escolhemos.
Haverá muito mais a descobrir, mas para já temos uma única certeza: todas as famílias são especiais e nenhuma é perfeita.
Encenação: Catarina Requeijo | Cenografia e Figurinos: Ana Limpinho | Interpretação: Ana Valente, Anna Leppänen, Francisco Lima | Desenho de Luz: Nuno Almeida | Sonoplastia: Adriel Filipe
Pela efeméride dos 25 anos do desaparecimento de Miguel Torga a Companhia Certa apresenta “Bichos”.
Diferentes entre si nas suas particularidades, estes “bichos”, animais e humanos, estão todos na mesma “Arca de Noé”, a terra mãe, irmanados numa luta igual pela vida e pela liberdade.
VICENTE – ÁGUA Com Vicente inventamos esta simbólica união de opostos terra e água. Uma estória casa com a outra, inventam pontos de ligação, estratégias de comunhão. “O CORVO leva a Mithra, da parte do sol, a ordem de matar o touro e ele, com pesar, executava a ordem recebida.”
MIURA -TERRA A bela escrita telúrica de Torga convida-nos a meditar sobre a terra, os bichos e o sangue que nos envolverá de espanto. Na terra inventamos o universo teatral do conto Miura.
Encenação e dramaturgia: José Caldas | Criação musical: Paulo Lemos | Interpretação: Ana Lídia Pereira, Aníbal Andrade, Eduardo Faria, Joana Luna, Sara Maia | Música ao Vivo: Aníbal Andrade | Cenografia: José Caldas | Figurinos: Joana Soares e José Caldas | Apoio coreográfico: António Carvalho | Construção de Adereços: Artur Rangel (Quinta Parede) | Desenho de Luz: José Caldas e José Raposo | Confeção figurinos: Adélia Agra | Confeção adereços: Sameiro Fernandes | Produção executiva: Joana de Sousa | Fotografia: José Carlos Marques
Entre paradigmas do amor, da loucura do homem alienado, do tempo presente, uma Julieta incrível contracena com a impossibilidade de um Romeu sem lugar na atualidade.
A ação decorre num cemitério irreal, numa irreal Verona, muitos anos depois do drama shakespereano. Julieta, ou uma mulher que pensa ser Julieta, põe flores todos os dias na sua própria campa. Esqueceu o local onde jaz Romeu – ou nunca o soube. Esqueceu alguns pormenores do drama – se é que alguma vez os soube. Mas mantém viva a ideia de que todos, menos ela, mereceram um lugar digno na História. Desfiando emoções, vestida como uma viúva ou travestida de cores, ora tapando a cara com uma rede negra, ora assumindo-a, Julieta quebra o paradigma do Amor eterno, começando por não gostar de si, e, se calhar, desejando uma réstia de amor que alguém desperdiçou e que lhe sabia tão bem encontrar. Em contraste, Romeu – o espírito de Romeu, um Romeu etéreo e eterno – aparece-lhe. Ele acredita que personifica o amor, mas vai ter algumas surpresas capaz de abalá-lo. E de nos abalar. A ação passa-se na atualidade, durante pouco mais de uma hora, no cenário que traduz a idealização do cemitério de Verona, feita por uma Julieta e no encontro desta com o verdadeiro Romeu.
Texto: Alexandre Honrado | Encenação: Luís Vicente | Assistência de Encenação: Tânia da Silva | Intérpretes: Carolina Teixeira e Carlos Pereira | Cenografia: José Manuel Castanheira | Figurinos: Ana Paula Rocha | Maquilhagem: Irene Amaral | Construção Cenográfica: João Franck
Apoio Vocal: Luís Madureira | Direção Técnica e Desenho de Luz: Octávio Oliveira | Técnico de Montagem: Diogo Aleixo e Ivo Trindade | Técnica Estagiária: Sofia Andrade
“As memórias do meu pai na rádio do meu tio” é apenas o nome que dá início ao conto que vamos contar e que nasce das raízes rurais para mais tarde crescerem pelo mundo. São relatos vivos de gente já sem vida, que nos deixaram o seu valioso legado e que os tornaram imortais. São vivencias especificas com particularidades muito ligadas à terra que os viu nascer, embora as sensações caminham para o lugar-comum, são universais, porque falam de gente e como todas as histórias que rebentam nunca se sabe ao certo qual o trajeto que irão seguir.
As histórias partem de uma ideia, de um contexto, ou de um fugaz momento de inspiração, depois seguem naturalmente o seu crescimento. Cada história constrói o seu próprio destino. Prever já um fim seria não a deixar crescer, seria violar o verdadeiro conceito de liberdade.
Sabemos que a meta é contar uma história com muitas histórias por dentro. Histórias de gente rija de gente de luta, que somaram conquistas heroicas e derrotas dolorosas. Queremos recordar, queremos homenagear a história e as pessoas que a construíram.
“Ó MEMORIA QUE DE MIM FAZES TEU ESCRAVO
TRAZES NA ALGIBEIRA HISTÓRIAS DE UM POVO BRAVO
ENCONTRAR-ME NO INTERIOR DA TUA HISTÓRIA
É ENCONTRAR MOMENTOS DE FRAQUEZA E GLORIA”
Um olhar de profunda gratidão a todos aqueles que nos colocaram aqui, que nos deram vida, e servindo-nos deste pressuposto sabemos que estamos a incluir todos. Vamos fazer uma viagem épica por diferentes épocas, descobrindo elementos descritivos que nos mantêm ligados ao tempo, num universo etéreo, que narram a grata existência da vida. Tudo contado em perfeita simbiose entre o dramático e o cómico. Um exercício narrativo que inclui um denso ambiente sonoro que lado a lado caminham na mesma direção. Um jogo teatral que sintoniza as emoções que surgem do momento. Este ambiente musical purga de um rádio antigo que engole os músicos e que nos remete a um género de teatro radiofónico, pautando as épocas. Vamos construir este conto desconstruindo a formalidade, mantendo a perfeita harmonia entre o estar e o não ter que estar fazendo perceber que também é de mim que se está a falar.
Texto: Eduardo Correia | Encenação: Abel Duarte | Interpretação: Eduardo Correia, Ricardo Augusto e Sofia Moura | Cenografia e Figurinos: Ana Limpinho | Direção Musical: Ricardo Augusto | Desenho de Luz: Paulo Duarte | Construção de Cenários: Carlos Cal e Conceição Almeida | Costureiras: Capuchinhas e Maria do Carmo Félix | Direção de Cena: Abel Duarte | Produção: Marta de Baptista | Comunicação: Joana Miranda | Fotografia e Vídeo: Lionel Balteiro | LaMousse | Agradecimentos: Manuel Oliveira, Maria Rosa, Rádio Limite
1, 2, 3 . na fronteira. / 4. Somos conhecidos pela sopa,
Europa, de David Greig
Europa mostra personagens em movimento, física e emocionalmente, alguns agarrando-se dolorosamente às certezas do passado, outros procurando novos destinos e experiências. Uma estação ferroviária abandonada numa cidade fronteiriça sem nome. Os comboios já não param ali e a cidade vai-se tornando vazia e introvertida.
Uma história íntima sobre privação de direitos, desconexão, amor e saudade, passada numa qualquer pequena cidade europeia perdida num mundo maior. A resposta de David Greig à guerra civil nos Balcãs e às forças da globalização, que não perde atualidade na Europa em que vivemos.
Texto: David Greig | Tradução: Pedro Marques | Interpretação: Américo Silva, Gonçalo Carvalho, Inês Pereira, Nuno Gonçalo Rodrigues, Paulo Pinto, Pedro Caeiro, Rita Rocha Silva e Simon Frankel | Cenografia e Figurinos: Rita Lopes Alves | Assistência de Cenografia: Francisco Silva | Luz: Pedro Domingos | Som: André Pires | Vídeo: Jorge Cruz e Nuno Barroca | Direção Técnica: Sérgio Moreira| Assistência de encenação: Joana Calado e Pedro Cruzeiro | Encenação: Pedro Carraca | Co-produção Artistas Unidos e São Luiz Teatro Municipal